Erros ligados à manutenção da fertilidade do solo ocorrem logo no início do processo produtivo e seus efeitos refletem-se em todas as fases da atividade | |
Ciente do fato de que o solo é a base para qualquer atividade agrícola e, mesmo assim, alguns princípios elementares relativos à manutenção de sua fertilidade não são devidamente considerados, Ronaldo José Pucci, presidente da Coopaceres, Cooperativa Agroindustrial Ceres, de Ponta Porã, MS, em 2012, procurou o setor de Transferência de Tecnologias da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados, MS, para capacitar técnicos agrícolas e agrônomos que atendem aos agricultores familiares do Assentamento Itamarati na área de fertilidade do solo. A ajuda veio sob a forma de um curso de capacitação dado pelo pesquisador Carlos Hissao Kurihara, daquela unidade da Embrapa. A preocupação de Pucci chama a atenção para um fato que faz parte de uma realidade presente em pequenas e até em grandes propriedades. A falta de preocupação com a ausência de matéria orgânica, as amostragens de solo mal feitas e as falhas na interpretação dos boletins de análise de solo compõem, de modo comum, um grupo de fatores que limita a eficiência em lavouras e pastagens. Erros ligados à manutenção da fertilidade do solo ocorrem logo no início de todo o processo produtivo e, invariavelmente, seus efeitos refletem-se em todas as fases da atividade, comprometendo o resultado final. De acordo com Kurihara, o agricultor familiar, em geral, tem apenas noções básicas sobre a importância da fertilidade do solo. Assim, sem um acompanhamento da assistência técnica, o agricultor pode estar adubando sua lavoura ou pastagem com tipo e quantidade inadequada de fertilizante, o que certamente afetará a produtividade das culturas. Falhas Perdas “Normalmente, esta prática é adotada em anos onde o custo do adubo é muito alto e/ou se a expectativa do preço do produto final for desfavorável. Nestas condições, o agricultor tende a reduzir o investimento na lavoura, para diminuir o custo de produção. Contudo, esta decisão deve ser bastante criteriosa, e não uma prática contínua, para que não haja o empobrecimento do solo”. Critérios “É importante lembrar que a coleta das amostras simples deve respeitar a profundidade de amostragem mais adequada, que é de 0 a 20 cm para o plantio convencional e de 0 a 10 e de 10 a 20 cm para o plantio direto”, observa. Custos Já para os agricultores que possuem um nível tecnológico maior, e que podem investir um pouco mais no monitoramento da fertilidade do solo, pode-se adotar, ainda, a diagnose foliar, que consiste na análise química de amostras de folhas de uma das culturas cultivadas no talhão, para a avaliação do estado nutricional das plantas. “Esta diagnose não substitui a análise do solo, e sim complementa as informações fornecidas por ela. Caso o agricultor resolva refinar o monitoramento da fertilidade do solo com esta ferramenta, haverá um custo adicional de cerca de R$ 60,00 por talhão. Nesse aspecto, chamamos a atenção do agricultor para a importância de se encaminhar as amostras de solo ou de folha para laboratórios que participam de um programa de controle de qualidade, para se garantir de que os resultados da análise química tenham um grau de confiança satisfatório. Todos os laboratórios que participam deste controle de qualidade, e tenham sido aprovados nas avaliações realizadas periodicamente, possuem um selo que certifica a empresa. Então, basta ao agricultor exigir do laboratório de análise de solo e planta, a apresentação do selo do programa de controle de qualidade”. Amostragens bem feitas são determinantes para a adoção de medidas corretas à manutenção da boa fertilidade do soloInvestir na fertilidade do solo, no entanto, nem sempre significa necessariamente o desembolso de muito dinheiro. Em alguns casos soluções simples e baratas podem ajudar. Kurihara explica que em condições de solos de baixa fertilidade, não há outra saída senão investir pesado na aquisição de corretivos de acidez do solo e fertilizantes. “O custo desta prática é elevado, mas isto deve ser encarado como um investimento, pois tornará a terra produtiva dali para frente, permitindo ao agricultor obter boas produtividades, se os outros fatores de produção assim o permitirem”. Por outro lado, segundo ele, se o talhão já apresenta pelo menos teores médios de nutrientes, a manutenção desta fertilidade pode ser conseguida com a adequada interpretação da análise de solo, com a definição de fontes de adubos mais eficientes e de menor custo e com a aplicação do adubo de forma adequada. Como exemplos de técnicas de baixo custo, o agricultor pode substituir a adubação corretiva total pela adubação corretiva gradual. No primeiro caso, seria necessária a aplicação de uma dose bastante elevada de fósforo, que seria incorporada na camada de 0 a 20 cm, para a correção de toda a camada arável. No segundo caso, da adubação corretiva gradual, o agricultor aplica uma quantidade de fósforo um pouco maior do que aquela indicada para a adubação de manutenção, sempre na linha de semeadura. A correção da fertilidade do solo demora um tempo maior, porém, haverá muito maior eficiência no aproveitamento do adubo aplicado. “Também pode ser considerado como técnica de baixo custo, as práticas que permitam aumentar o teor de matéria orgânica no solo. A matéria orgânica tem um papel muito importante na estruturação física do solo, no aumento da atividade biológica e no aumento da eficiência de aproveitamento de nutrientes, principalmente o fósforo. E trabalhos conduzidos na Embrapa Agropecuária Oeste têm demonstrado que, para as condições de solo e clima da região Central do Brasil, a melhor maneira de se aumentar o teor de matéria orgânica é através da consorciação de milho com Brachiaria ruziziensis”, conclui. Extensão Para mais informações, a Embrapa Agropecuária Oeste disponibiliza o Serviço de Atendimento ao Cidadão – SAC, cujo e-mail é sac@cpao.embrapa.br. Kurihara recomenda ainda que a procura pelos escritórios das empresas estaduais de extensão rural. Fonte |
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