Uma das principais fontes de exportação do Estado, a pecuária tocantinense vem registrando recordes em produção tanto de bovinos, quanto em outras cadeias produtivas como a apicultura e a ovinocaprinocultura. Nesta segunda-feira, 14, é comemorado no Brasil o dia da Pecuária e é um momento de se refletir sobre a cadeia produtiva pecuarista e os desafios que o Estado do Tocantins tem pela frente para potencializar o setor e aumentar a produção de produtos de origem animal, como carne, leite, mel e derivados.
Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um aumento considerável na bovinocultura. Segundo as informações divulgadas pela Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária (Seagro), desde o surgimento do Estado a criação de gado de corte e de leite cresceu 95%, passando de cerca de 4,2 milhões de cabeças de gado, em 1988, para mais de 8,2 milhões em 2013.
Importante produto de exportação tocantinense, a carne bovina é, hoje, o segundo em volume de vendas ao exterior atrás apenas da soja. Dados mais recentes do Ministério do Comércio Exterior, de agosto deste ano, mostram um aumento de 21,45% na exportação de carne bovina. Conforme os números, neste ano foram mais de 26.149 toneladas de carne exportada, gerando mais de US$ 105,5 milhões em negócios. Dentre os principais importadores da carne bovina tocantinense, estão países como Rússia, China e Espanha.
Mas não só de carne vive a cadeia produtiva da pecuária do Tocantins. Através de programa de melhoramento genético, o governo do Estado vem procurando dar mais qualidade na produção de leite em pequenas propriedades. De acordo com o coordenador de Desenvolvimento Animal da Seagro, Claudio Sayão, o melhoramento genético já foi levado a pequenos produtores de 51 municípios. Ao todo, foram realizados 1.500 atendimentos, beneficiando mais de 18.500 cabeças de gado leiteiro.
“Nós usamos a biotecnologia IATF (Inseminação Artificial por Tempo Fixo). A gente desloca equipe técnica, que faz ultrassom. As vacas que estão vazias e boas para a reprodução, nós fazemos a inseminação artificial. O produtor, em contrapartida, adquire o sêmen” frisou Cláudio, ao reforçar que a iniciativa tem como foco principal os pequenos produtores de leite do Tocantins e que conta com a parceria de prefeituras, associações, assentamentos e instituições como o Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins).
OvinocaprinoculturaMuito mais do que criação de bovinos, o Tocantins tem fortalecido a criação de ovinos e caprinos (ovelhas e cabras). Com medidas que beneficiam esta cadeia produtiva, o Estado tem presenciado um crescimento acentuado desta cadeia produtiva. A criação de ovinos e caprinos no Tocantins possui um rebanho de 124.391 e 21.698, respectivamente, e vem crescendo em todo o Estado.
Desta maneira, a Seagro estabeleceu em alguns municípios bases físicas metodológicas para aprimorar técnicas de manejo do rebanho e capacitar produtores do setor de ovinos e caprinos. Destas, duas estão em Palmas, instaladas em parceria com a Unitins/Agro e a Faculdade Católica do Tocantins, e as demais em Dianópolis, no Instituto Federal do Tocantins; em Arraias, na Escola Municipal Agrícola David Aires França; e em Ponte Alta do Bom Jesus, na Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos de Ponte Alta do Bom Jesus (ACCOPA). “Estas bases tem o objetivo de capacitar produtores e fortalecer a produção, além de distribuir material genético”, completou o coordenador da Seagro.
Desafios do setorCom o aumento da produção e das vendas, a cadeia produtiva pecuarista vem ganhando notoriedade e, ao mesmo, encarando desafios para se desenvolver de maneira responsável. O principal gargalo para isto, conforme o engenheiro agrônomo da Secretaria de Agricultura e Pecuária, João Gomes Barbosa, é a fonte de alimento das criações no Tocantins: as pastagens.
Conforme o técnico, mesmo com grande quantidade de áreas de pastagens, muitas vezes os produtores pecam na qualidade do alimento dado aos rebanhos. “O Estado hoje em cerca de oito milhões de cabeças de gado e quase oito milhões de hectares de pastagens, ou seja, praticamente uma cabeça por hectare”.
Para ele, com ações simples e que não requerem grandes investimentos por parte dos criadores de gado, as forrageiras podem se tornar mais nutritivas, aumentando a capacidade de produção. “Hoje existem forrageiras que tem capacidade de dar suporte a 10 U.A por hectare ao ano. No Tocantins, a nossa média é de 0,6 U.A por hectare/ano”, frisou. U.A, conforme o engenheiro, é a sigla para Unidade Animal, utilizada para determinar a capacidade de nutrição animal. Assim, uma U.A representa um bovino adulto, de 450 Kg de peso vivo.
Segundo Barbosa, somente com o manejo correto das pastagens, com o plantio de forrageiras corretas, no período certo do ano, já é possível aumentar esta produção. São medidas, conforme ele, que não tem grande impacto no bolso dos pecuaristas e que podem beneficiar suas produções. “Se conseguirmos atingir 1,5 a 2 U.A, nós conseguiremos aumentar o rebanho para 12 milhões de cabeças”, frisou.
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