Já imaginou pagar R$ 1,45 mil por uma garrafa decachaça? É a oferta de um alambique de Ivoti, no Rio Grande do Sul, para um exemplar de uma série especial da bebida. O produto está exposto na Expocachaça SP, que é realizada nesta semana no tradicional Mercado Municipal de São Paulo, o conhecido “Mercadão”.
A cachaça é envelhecida 12 anos (seis em carvalho francês e seis em bálsamo), comemorativa dos 65 anos da empresa. A garrafa tem peças banhadas a ouro 18 quilates e é entregue em uma caixa com duas taças de cristal.
Foram produzidas duas mil unidades, explica o representante comercial da empresa, Marcelo Pelison. A cada garrafa comercializada, é acrescido R$ 1 ao valor. “A primeira foi vendida antes mesmo da bebida ser engarrafada, para um cliente em Rondônia”, garante Pelison, dizendo que o preço foi R$ 701. A última será vendida por R$ 2,699.
A bebida envelhecida é um dos principais produtos do alambique gaúcho,com ítens que que variam de R$ 40 a R$ 120 a garrafa. “O mercado está em amplo crescimento”, diz Marcelo Pelison. “O público está diferenciando a cachaça industrial da artesanal e está pagando mais pela qualidade do produto”.
No Brasil, a cachaça produzida em alambique representa 30% do total (de 1,4 bilhão de litros por ano). De acordo com a organização da Expocachaça, a feira reúne cerca de 100 marcas da bebida artesanal e produtos que a usam na composição. “Nossa ideia é ter o Mercadão como referência na comercialização”, diz o diretor de marketing da feira, José Lúcio Mendes.
Eduardo Mello pertence à quinta geração de uma família que produz desde 1803 em Paraty (RJ). Há pouco mais de 40 anos, o alambique começou a produzir também licores à base da bebida e frutas. Mello explica que os licores podem ser apreciados à temperatura ambiente, gelados ou em outros drinks. A empresa produz seis variedades. “É um nicho interessante para pessoas que não tomam a cachaça tradicional. Há mercado para desenvolver”, diz o empresário.
De Pernambuco, Elk Barreto Silva aposta na sustentabilidade como diferencial de mercado. A cachaça que ela trouxe para a feira é certificada como orgânica. Ela produz há sete anos e comercializa a bebida há cinco. “Do plantio da cana até a hora de engarrafar a bebida, não usamos nenhum produto químico”, garante a produtora.
Ela reconhece que há custos para produzir desta forma. Conta que a lavoura de cana é 20% menos produtiva. E o custo para obter a certificação gira em torno de R$ 25 mil. O resultado é uma cachaça com valor 30% maior, em média, do que as convencionais. “Mesmo assim, compensa. É um diferencial em um mercado que tem crescido”.
Não faltam também bebidas que tem nomes incomuns. Do estado de Alagoas, destacam-se a “Valeu Boi!” e a “Gogó da Ema”. “São nomes que remetem a aspectos da cultura e do turismo no estado”, explica Henrique Tenório, produtor e presidente da Associação dos Produtores de Cachaça de Alagoas. “A primeira tem como referência as provas de vaquejada e a segunda um coqueiro considerado símbolo turístico do nosso estado”.
A Expocachaça vai até o próximo domingo (8/9). A expectativa da organização é encerrar a feira com R$ 1,5 milhão em vendas, valor bem menor do que o Expocachaça Minas, realizada em junho deste ano, que girou R$ 19 milhões. “A feira de São Paulo é concentrada no produto final, atacado e varejo. Em Minas, o evento inclui equipamentos e insumos”, explica José Lúcio Mendes.
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