Daniel Dias, da Coonagro: objetivo é ganhar eficiência e eliminar intermediários



A Cooperativa Nacional Agroindustrial (Coonagro), que reúne 17 cooperativas agropecuárias do Paraná, pretende investir de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões para construir uma estrutura formada por um armazém e uma misturadora de fertilizantes em Paranaguá, onde está um dos principais portos do país.

De acordo com Daniel Dias, um dos fundadores e diretor-executivo da Coonagro, a cooperativa já prospecta um terreno para o projeto, que deverá ser erguido fora da área portuária. Mas ainda não há previsão concreta para o início das operações da misturadora, por conta das licenças de operações necessárias, que costumam demorar a sair.

Além disso, afirma Dias, as regras governamentais ainda pouco claras sobre processos licitatórios nos portos trazem dúvidas sobre a viabilidade de um armazém bem próximo ao porto. O armazém deverá ter capacidade para 100 mil toneladas. Outras 100 mil toneladas poderão ser estocadas em uma estrutura inflável que deverá ficar em um pátio anexo ao armazém.

Segundo Dias, 90% do investimento será destinado à estrutura do armazém e apenas 10% aos equipamentos necessários para a mistura dos fertilizantes em si, que geram os produtos finais, em diferentes formulações, que são aplicados no campo. Os recursos virão do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), um dos maiores repassadores de recursos do BNDES na região Sul.

A decisão de construir um armazém foi tomada recentemente, após a Coonagro descartar a aquisição de uma empresa do segmento, que foi considerada cara, ou a contratação de serviço de terceiros. A cooperativa foi criada justamente para eliminar a intermediação no acesso aos insumos demandados pelas cooperativas (fertilizantes e defensivos).


Atualmente, são poucas as cooperativas no país que mantêm estruturas próprias para a mistura de fertilizantes, segundo Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da Associação de Misturadores de Adubos (Ama-Brasil).

As 17 cooperativas ligadas à Coonagro - entre as quais C.Vale, Castrolanda, Copacol e Lar, representam cerca de 60 mil produtores e têm um faturamento conjunto da ordem de R$ 13 bilhões por ano.

A demanda das cooperativas associadas à Coonagro chega a entre 1 milhão e 1,2 milhão de toneladas de adubos por ano. De janeiro a setembro de 2013, as vendas totais desses produtos no Paraná somaram 2,944 milhões de toneladas, de acordo com estatísticas da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).

Hoje, a Coonagro atende a cerca de 12% da demanda de suas cooperativas, por meio de duas empresas associadas de pequeno porte que fazem a mistura. Mas a meta com a construção de uma unidade misturadora é cobrir 50% das necessidades das associadas.

Uma vez obtida a licença de operação, a Coonagro também pretende negociar a importação direta dos fertilizantes intermediários a serem misturados na unidade próxima ao porto de Paranaguá.

O porto recebeu 41,1% das importações brasileiras de fertilizantes intermediários de janeiro a setembro deste ano - ou 6,663 milhões de toneladas, 7,6% mais que no mesmo intervalo de 2012, segundo informações da Anda.

Outro plano da Coonagro é estimular o uso de formulações de adubos com maior concentração de nutrientes. Assim, pode haver economias em termos de capacidade de armazéns, navios e caminhões na logística de distribuição dos produtos, já que os volumes podem cair sem prejudicar a eficácia do insumo. Mas Dias acredita que essa mudança de "cultura" dos produtores leva tempo.

De acordo com ele, o Brasil é um grande consumidor de superfosfato simples, que tem baixa concentração de fósforo e é um produto capaz de gerar uma margem bruta de US$ 50 por tonelada às empresas que o comercializam.

Fonte

CNA-SENAR

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