“PRIMEIRA GRANDE EPIDEMIA DE ZIKA ACONTECE NO BRASIL”, DIZ INFECTOLOGISTA

“Houve poucas epidemias no mundo. A primeira grande epidemia de Zika está acontecendo agora no Brasil”, disse em entrevista ao programa Espaço Público, na TV Brasil, no dia 12 de janeiro de 2016. O especialista defendeu o combate sistemático ao mosquito Aedes aegypti, transmissor não apenas do vírus Zika, mas também da dengue e da febre chikungunya.

Para ele, as prefeituras brasileiras erraram ao não manter um grupo técnico permanente de controle do vetor.

Boulos lembrou que a infecção por Zika, até então, era considerada uma doença mais branda que a própria dengue, já que causa febre baixa, manchas pelo corpo que desaparecem em dois ou três dias e quadros clínicos menos graves, que dificilmente levam à morte. Foi a correlação da doença com casos de microcefalia em bebês que levantou a bandeira vermelha.

O infectologista destacou que, em todos os locais onde foi registrado surto do vírus Zika, como na Polinésia Francesa, e em algumas pequenas cidades da África, o cenário não se repetiu posteriormente. “Se isso acontecer, até que não vai ser tão ruim assim. Vamos passar por um momento epidêmico importante e, depois, é provável que exista uma calmaria.”

“Precisamos conhecer melhor o Zika para saber no que ele pode se transformar. Estamos assustados com os para-efeitos, as coisas que estão acontecendo por causa do Zika”, disse. “É preocupante as pessoas quererem engravidar sabendo que, se houver Zika, podem, eventualmente, ter uma criança com problemas e isso vai atrapalhar a vida e o desenvolvimento dessa família.”

Um novo balanço divulgado no dia 12 pelo Ministério da Saúderevela que 3.530 casos suspeitos de microcefalia relacionada ao vírus Zika em recém-nascidos foram notificados no país entre 22 de outubro de 2015 e 9 de janeiro de 2016. O boletim também traz a confirmação de que a morte de dois recém-nascidos e dois abortos de bebês com a malformação no Rio Grande do Norte foram em decorrência da doença.

As notificações da malformação estão distribuídas em 724 municípios de 21 unidades da Federação. O estado de Pernambuco, primeiro a identificar aumento de microcefalia, continua com o maior número de casos suspeitos (1.236), o que representa 35% do total registrado em todo o país. Em seguida, estão Paraíba (569), Bahia (450), Ceará (192), Rio Grande do Norte (181), Sergipe (155), Alagoas (149), Mato Grosso (129) e Rio de Janeiro (122).

Ministério da Saúde só tem divulgado o número de casos em que há suspeita de que o recém-nascido tem microcefalia relacionada ao vírus Zika. Os bebês têm o quadro confirmado ou descartado depois que passam por exames neurológicos e de imagem, como a ultrassonografia transfontanela e a tomografia.

O governo investiga ainda se a morte de outros 46 bebês com microcefalia na Região Nordeste também tem relação com o Zika. O vírus começou a circular no Brasil em 2014, mas só teve os primeiros registros feitos pelo ministério em maio do ano passado.

FONTE

Agência Brasil
Paula Laboissière — Repórter
Denise Griesinger – Edição

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