Empresas e fundos de investimentos estrangeiros estão abrindo o olho sobre o mercado brasileiro de produção de fertilizantes. As estrangeiras já adquiriram a Produquímica, em 2007, a Agrichem, em 2011, e a Aminoagro, neste ano, e devem finalizar a negociação de outras cinco companhias nacionais até o fim de 2013, revelou ao DCI Franco Borsari, diretor da BBAgro Global e membro da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo).
No ano passado, as empresas estrangeiras que produzem fertilizantes no território brasileiro faturaram R$ 400 milhões, enquanto todo o setor faturou R$ 2 bilhões. Caso as cinco negociações se confirmem neste ano, Franco acredita que as estrangeiras terão um faturamento de R$ 900 milhões, dentro de um faturamento de R$ 3 bilhões, projetado pela associação.
Se atualmente o capital estrangeiro representa um quarto do faturamento total do setor de fertilizantes, as novas aquisições ampliarão a presença externa para 30%. Ou seja, apenas as empresas estrangeiras poderão avançar 125%, mais do que o dobro do crescimento que a Abisolo projeta para o setor, de 50%.
Borsari calcula que entrem por ano entre três e quatro empresas estrangeiras no setor de fertilizantes no País. Atualmente, das 150 empresas do setor, 20 são de capital estrangeiro.
Segundo José Alberto Nunes, secretário executivo da Abisolo, as empresas espanholas e italianas são as que mais têm demonstrado interesse em entrar no Brasil, seguidas das companhias de capital francês. "Já as empresas da Ásia em geral querem entrar aqui disputando o mercado de matéria-prima", ressalta.
Estratégia
Segundo Nunes, as empresas estrangeiras preferem se associar a companhias brasileiras já atuantes do que começar suas atividades no País a partir do zero. "Elas têm muito pouco conhecimento do mercado. A realidade brasileira de características do solo, de condições climáticas, é muito diferente da Europa", afirma o secretário executivo da Abisolo. Ele observa que as empresas estrangeiras também têm dificuldade de entender o funcionamento do mercado do agronegócio brasileiro, que, diferentemente do europeu, muitas vezes realiza pagamentos com produtos agrícolas.
Nunes acredita que, "em um primeiro momento", as empresas estrangeiras podem aumentar as importações de matéria-prima e até de fertilizantes acabados, antes de se estabilizarem no País.
Já o presidente da associação do setor, Roberto Levreiro, acredita que não há mais tanto espaço para o avanço das importações de fertilizantes.
No primeiro semestre deste ano, as compras brasileiras de fertilizantes estrangeiros cresceram 31,1% e somaram US$ 4,2 bilhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Apenas a importação com Adubos e fertilizantes nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) cresceu 37,1% em valor, alcançando US$ 1,2 bilhão, e 49% em volume, totalizando 2,3 milhões de toneladas, no período.
"Para a indústria brasileira, [a importação] é uma ameaça", diz Franco Borsari, diretor da BBAgro Global. Para ele, a falta de barreiras, como a isenção de ICMS para a importação de NPK e a alíquota de no máximo 4% de Imposto de importação sobre fertilizantes, facilitam a entrada de produtos estrangeiros no Brasil.
O avanço das importações no último semestre foi maior do que o ritmo de crescimento do consumo de fertilizantes nos últimos 14 anos. Neste período, o segmento cresceu a uma média de 12% ao ano, e, se mantiver essa toada, chegará até o fim deste ano com um consumo de 194 milhões de litros e, em 2022, com 228 milhões de litros, segundo projeção da BBAgro Global.
Ele destaca as lavouras de Cana-de-açúcar, feijão e milho como mercados com maior potencial para aumentar o consumo.
Fonte
CNA-SENAR
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