O Secretário de Defesa Agropecuária (SDA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Rodrigo Figueiredo, e o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, assinaram no dia 20 de fevereiro de 2014, em Brasília (DF), protocolo de intenções para cooperação científica, e formalizaram a parceria das instituições na condução do Agropreventivo - Programa Nacional de Melhoramento Genético Preventivo.
O Programa objetiva o desenvolvimento de variedades de plantas com resistência genética a pragas quarentenárias de alto risco para a atividade agrícola, antes que elas efetivamente entrem no território brasileiro, com consequências negativas para a competitividade do agronegócio nacional, a exemplo de barreiras fitossanitárias.
"Quando me perguntam quais os maiores desafios para a agropecuária brasileira, não tenho dúvida que segurança biológica e defesa agropecuária são os de grandeza maior", disse o presidente da
Embrapa.
Maurício Lopes e Rodrigo Figueiredo enfatizaram o caráter estratégico da parceria e do Programa. "O Estado precisa, cada vez mais, dar atenção a essas estratégias duradouras e inteligentes. Estamos olhando o futuro e tentando antecipar respostas para problemas que certamente baterão a nossa porta", afirmou Lopes. "Estamos associando o conhecimento tecnológico e científico dos pesquisadores da
Embrapa ao conhecimento técnico e à experiência em ações de defesa agropecuária dos fiscais da Secretaria", concluiu Pereira.
O presidente da
Embrapa lembrou que o risco de entrada de patógenos exóticos, com potencial de causar dano à produção agrícola, é atualmente maior, dada à mobilidade de pessoas, veículos e produtos agropecuários -- e, com eles, de possíveis pragas, doenças e contaminantes. Além disso, a dimensão continental do Brasil e as fronteiras com países nos quais alguns patógenos foram detectados são sinais de alerta.
A bactéria
Xanthomonas oryzae pv. oryzae, por exemplo, já foi detectada na Venezuela e na Colômbia, o que torna alta a possibilidade da sua entrada em território brasileiro. Conhecida como
crestamento ou
murcha bacteriana do arroz, o patógeno é responsável por danos expressivos à rizicultura na Ásia -- pode causar perdas de até 75% da produção, além de afetar a qualidade do grão.
Estima-se -- outro exemplo - que o prejuízo econômico causado pelo fungo da ferrugem da soja, desde sua entrada em território brasileiro em 2001, já ultrapasse 35 bilhões de dólares. No caso da lagarta
Helicoverpa armigera, cuja presença em cultivos brasileiros foi registrada em 2013, o cálculo dos prejuízos causados, em poucos meses, apontava para números superiores a 4,5 bilhões de dólares.
Mais sobre o ProgramaA
Embrapa e a Secretaria de Defesa Agropecuária do
MAPAtrabalham juntas na identificação conjunta de pragas quarentenárias prioritárias para diferentes espécies da agricultura brasileira, na utilização de variedades elite da
Embrapa para a introgressão de genes de resistência às pragas-alvo, e no estabelecimento de parcerias necessárias à realização de testes de resistência genética, especialmente com instituições de países que possuem as pragas-alvo. As atividades incluem o uso de acessos com genes de resistência depositados em Bancos de Germoplasma da
Embrapa.
"O melhoramento preventivo é uma atividade multidisciplinar", diz Márcio Elias Ferreira, pesquisador da
Embrapa, referindo-se à associação de áreas do conhecimento como conservação e caracterização dos recursos genéticos e genômica, além da fitopatologia, entomologia, genética molecular, melhoramento e bioinformática. O pesquisador explica: "as informações sobre o germoplasma conservado nos bancos são aproveitadas na seleção dos acessos que serão utilizados na pesquisa. A análise do DNA desses acessos permite avaliar, estimar e usar racionalmente a diversidade genética conservada. A análise de DNA no processo de seleção de plantas contendo genes de resistência de interesse é também parte da rotina do melhoramento genético preventivo", diz.
Márcio Elias ressalta o fato de essa vertente do melhoramento exigir parcerias entre instituições públicas do Brasil e destas com estrangeiras. Ele lembra que "os estoques genéticos desenvolvidos, como linhagens, devem ser testados pelas instituições colaboradoras em regiões ou países onde a praga de interesse já é presente". Os benefícios estendem-se a todos os colaboradores, notadamente o desenvolvimento dos estoques genéticos contendo resistência à praga quarentenária, a ampliação do conhecimento técnico-científico e o enriquecimento de coleções de germoplasma.
Com a assinatura do acordo, espera-se que as primeiras linhagens resistentes às pragas quarentenárias prioritariamente selecionadas estejam disponíveis para uso pelo mercado em tempo recorde, preparando o País para a eventual entrada destes organismos em território brasileiro.
FONTEEmbrapa
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