Excesso de umidade ou seca podem afetar qualidade dos grãos

Chuvas muito acima da média nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste e agravamento da seca no Norte e Nordeste. Esse é o resultado previsto para a primavera, que começou ontem influenciada pelo fenômeno El Niño, que deixa a temperatura acima do normal e favorece algumas culturas.

Mas o fenômeno também traz problemas como excesso de umidade e granizo. De acordo com especialistas, as chuvas devem ficar acima da média principalmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Partes de São Paulo e Mato Grosso do Sul também podem ser beneficiadas com mais umidade que o normal. No entanto, o fenômeno também causa a má distribuição de chuva no Centro-Oeste e Sudeste.

Este ano, os meteorologistas alertam para um El Niño mais intenso em relação a anos anteriores, o que pode afetar o plantio e causar prejuízo nas culturas de verão. Além disso, é na primavera que os produtores rurais colhem as lavouras de inverno no Sul e Sudeste e as precipitações podem provocar perdas.

O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.

Cana beneficiada

A safra 2015/2016 terá um pequeno aumento da produção e produtividade, basicamente em função do maior volume de chuvas. Apesar de muita "cana bisada" (cana que não pode ser colhida e fica no campo para a próxima safra) e o envelhecimento do canavial, a safra 2016/2017 segue com o cenário produtivo semelhante ao da safra 2015/16.

No entanto, a produtividade da cana-de-açúcar deve ser favorecida pelo clima. Por outro lado, o fato do fenômeno provocar seca em seca em países produtores, principalmente na Ásia, poderá favorecer as usinas brasileiras.

Segundo a meteorologista Olivia Nunes, da Somar Meteorologia, o padrão de primavera já tem sido observado, de acordo com a especialista, desde que ocorreram as primeiras chuvas depois do período seco de agosto. Olivia explica que o setor do Pacífico cuja variação da temperatura mais tem impacto no clima do Brasil é a próxima ao Peru.

Hoje, esta região não apresenta temperaturas tão altas quanto a região central do oceano, mas ainda assim o fenômeno deve afetar o regime de chuvas no Brasil.

Agricultura em alerta

A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) de Santa Catarina monitora os eventos climáticos provenientes do El Niño e da chegada da primavera com a preocupação com o excesso de chuva no estado.

Um sistema integrado entre as regionais, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e o Ministério daAgricultura troca informações e emite alertas para que os agricultoresse preparem para possíveis tempestades que possam afetar a produção.

"Isso já foi visto na última semana em que todas as regiões registraram granizo e vai se repetir já neste fim de semana quando teremos quatro dias seguidos de chuva. Outubro e novembro, especialmente, terão precipitação acima da média e com volumes até perigosos", explica a meteorologista da Epagri Gislânia Cruz.

Para o gerente do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), órgão ligado à Epagri, Edson Silva, um acumulado maior de chuva pode afetar a qualidade de algumas produções, especialmente se vierem durante a época de plantio, como novembro e dezembro.

"Se chover muito em novembro e dezembro, o plantio dos grãos pode ser afetado, já que as máquinas não conseguem aderir ao terreno", lembra Silva. "Mas se elas forem mais para janeiro e fevereiro, será benéfico para a produção de milho e de outras commodities que estarão na fase de floração. As produções de cebola, alho e arroz já foram plantadas e podem ser uma das mais afetadas", alerta.

Fonte

Agências

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