Propriedades rurais buscam inovações e técnicas para agredir menos o ambiente, ser economicamente rentável e fazer bem à sociedade

Uma solução sustentável – economicamente viável, ambientalmente correta e que atendesse a uma demanda da comunidade local – foi o que o grupo Mallmann encontrou para o problema com o forte odor proveniente da higienização dos tomates e das caixas para transporte. O grupo, um dos maiores produtores de tomate do Brasil, registrava reclamações recorrentes dos vizinhos devido ao mau cheiro do material orgânico. A empresa optou por um sistema de tratamento de efluentes anaeróbico com bambus para conseguir o resultado esperado.

Segundo o biólogo Fábio César Fraga, um dos responsáveis pela implantação do sistema, a Mallmann é a primeira empresa na região de Mogi Guaçu, no interior paulista, a ter seu tratamento de efluentes ecológico em meio biológico anaeróbio com bambu. “Essa nova tecnologia traz mais eficiência ao tratamento causando menor impacto possível. A maior parte desta ETE - Estação de Tratamento de Efluentes trabalha somente por gravidade, o que proporciona grande economia em energia”, afirma.

Fraga explica que a empresa trabalha 20 horas por dia na higienização de caixas de tomate e com isso gera uma média de 600 litros de efluentes por hora, podendo ter um pico de 1200 litros de efluentes três vezes ao dia, quando ocorre a manutenção dos equipamentos que fazem a higienização das caixas e dos tomates. Os efluentes desta higienização contém uma alta carga orgânica passível de tratamento biológico. “Com toda a carga orgânica e sua vazão pudemos ter medidas mais precisas ao tratamento. Além disso, a ETE ecológica foi ainda dimensionada para uma ampliação no processo de higienização de caixas, tomates e outros”, diz.

No tratamento preliminar foram utilizados um sistema de gradeamento e dois desarenadores para retenção dos elementos físicos, um redondo pré-fabricado de um lado esquerdo do barracão da empresa e outro de alvenaria do lado direito do barracão. Após esse processo, o efluente segue para o tratamento primário, que é uma caixa de equalização com capacidade de 5000 litros para estabilização do tratamento. Em seguida é bombeado para o sistema  secundário formado por três caixas com capacidade de 3 mil litros cada, onde o bambu foi colocado de forma adequada. O tempo de retenção hidráulica do efluente nestes reservatórios foi calculado para ser o suficiente para uma ação biológica anaeróbia com o objetivo de obter uma eficiência de mais de 70% de eliminação de carga orgânica.

Após esse processo, o efluente segue para desinfecção, onde é clorado em um sistema com pastilhas controladas pela vazão. Para finalizar, vai para um reservatório com capacidade de 60 metros cúbicos, onde está água que deverá ser reutilizada pelo sistema público -  bombeiros, lavagem de ruas, irrigação de praça e áreas verdes. Conforme Fraga, o sistema ainda tem um custo baixo. “É possível fazer um sistema como esse com um investimento em torno de R$ 20 mil”, afirma.

Veja como funciona a ETA Ecológica feita a partir de bambu:

- 1º Passo: efluentes passam por filtro com grade grossa

Sistema de tratamento de efluentes com bambu - grade grossa

- 2º passo: fluxo segue para filtração em grade fina:

Sistema de tratamento de efluentes com bambu - grade fina

- 3º passo: água a ser tratada passa por duas caixas com areia para retirar elementos físicos:

Sistema de tratamento de efluentes com bambu - caixa de areia

4º passo: tratamento primário em caixa de equalização com bambu

Sistema de tratamento de efluentes com bambu - tratamento primário com bambu

5º passo: no processo, formam-se flocos e biofilme

Sistema de tratamento de efluentes com bambu - tratamento primário com bambu

6º passo: no sistema secundário, ação biológica anaeróbia retira até 70% de carga orgânica, evitando o mau cheiro

Sistema de tratamento de efluentes com bambu - tratamento primário com bambu

Fonte

Rural Centro

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