Os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera atingiram nível recorde em 2014, e as mudanças climáticas tornam o planeta mais perigoso para as gerações futuras, afirmou ontem (09/11/15) a Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), ao divulgar seu relatório anual sobre gases de efeito estufa.
“Todos os anos, dizemos que o tempo está se esgotando. Temos de agir agora para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, se quisermos ter uma chance para manter o aumento da temperatura a níveis administráveis??”, alertou, em comunicado, o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.
Gráficos divulgados pela agência mostram as concentrações de dióxido de carbono (CO2) — o principal gás causador do efeito estufa — subindo de forma constante para o nível de 400 partes por milhão (ppm), tendo atingido novos recordes a cada ano, desde que começaram a ser feitos registros confiáveis, em 1984.
Os níveis de CO2 tiveram média de 397,7 ppm em 2014, mas romperam brevemente a barreira de 400 ppm no hemisfério norte no início do ano e em nível global no início de 2015. “Logo, os 400 ppm serão uma realidade permanente”, alertou Jarraud.
“Isso significa temperaturas globais mais elevadas, mais eventos climáticos extremos, como ondas de calor e inundações, derretimento de gelo, aumento do nível do mar e aumento da acidez dos oceanos. Isso está acontecendo agora, e estamos nos movendo em território desconhecido a uma velocidade assustadora”, acrescentou.
O aumento no nível de CO2 vem sendo amplificado por concentrações mais levadas de vapor de água, que, por sua vez, subiram justamente devido às emissões de dióxido de carbono, de acordo com a OMM.
Os níveis dos outros dois principais gases de efeito de estufa produzidos pelo homem, metano e óxido nitroso, também continuaram seu aumento anual em 2014, chegando a 1.833 partes por bilhão (ppb) e 327,1 ppb, respectivamente. Ambos aumentaram no ritmo mais rápido em uma década.
O apelo de Jarraud para que o mundo faça o possível para reduzir as emissões de gases de efeito estufa é feito semanas antes de negociadores mais de 190 países se reunirem em Paris para tentarem chegar a um novo acordo global sobre o clima.
Aumento da pobreza extrema
As mudanças climáticas também devem ter um drástico impacto na economia, principalmente de países mais pobres. Segundo relatório divulgado pelo Banco Mundial no dia 8 de novembro, 100 milhões de pessoas a mais estarão vivendo na pobreza extrema até 2030, se não forem tomadas medidas para limitar o aquecimento global.
Segundo o Banco Mundial, o impacto será particularmente forte no continente africano, onde as alterações climáticas podem levar a um aumento dos preços dos alimentos na ordem dos 12% em 2030.
O relatório também adverte que uma ação sobre as mudanças climáticas pouco poderá fazer para reduzir o aquecimento global até 2030, e pede, por isso, políticas para combater as piores consequências do aquecimento global. Tais medidas incluiriam a melhoria de defesas contra inundações e o plantio de culturas mais tolerantes ao calor, assim como proporcionar melhores cuidados de saúde e proteção social aos mais pobres.
“Temos uma janela de oportunidade para alcançarmos nossos objetivos em relação à pobreza em face das mudanças climáticas, desde que façamos escolhas políticas sábias neste momento”, advertiu Stephane Hallegatte, economista sênior do Banco Mundiale um dos autores do relatório.
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