A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) alertou, ontem (17/06/14), para os possíveis impactos do fenômeno El Niño sobre a produção agrícola no hemisfério Norte. O Sistema Global de Informação e Alerta Antecipado da agência anunciou que podem ocorrer mudanças nas condições climáticas entre 2014 e 2015. As consequências serão o aumento de chuvas, do ar seco e do calor.
A probabilidade do El Niño realmente ocorrer é de 70% durante o verão e 80% no outono ou inverno no hemisfério Norte. Para abordar o possível impacto do fenômeno, a Rádio ONU conversou com Liliana Balbi, de Roma, representante da FAO.
"As consequências do El Niño não são somente no hemisfério norte mas também e sobretudo, no hemisfério sul. Os impactos mais marcantes talvez sejam na costa sul do oceano Pacífico."
Balbi disse ainda que o Brasil deve sofrer com inundações, principalmente no sul do país, região produtora de milho e outros cereais.
A preocupação com a produção existe apesar de a entidade reconhecer que não há nenhuma relação em termos de quantidade entre um episódio do El Niño e as alterações na agricultura.
Conforme o comunicado, o efeito sobre o setor vai depender do tempo e da gravidade do fenômeno, bem como do calendário da safra de uma determinada região.
Fenômeno periódico
O alerta segue-se a um aumento da temperatura da superfície do mar na região equatorial nos últimos meses.
O fenômeno climático periódico ocorre aproximadamente a cada dois e sete anos num período que pode durar entre 12 e 18 meses.
Efeitos em África
Entre os vários exemplos para ilustrar os efeitos do El Niño, a FAO cita a África Austral e a maior probabilidade de chuvas abaixo do normal durante outubro e março, a principal estação chuvosa. A agência salienta problemas na vegetação que limitam o desenvolvimento das culturas com potencial impacto nos rendimentos.
Na África Ocidental, ocorrem chuvas acima do normal que podem interromper as colheitas na época principal, que vai deste outubro a novembro, aliadas ao potencial de cheias.
Foi também apontada a tendência de chuvas mais intensas na América Latina, incluindo as principais áreas de cultivo de cereais em regiões como o sul do Brasil e nos vizinhos Argentina e Uruguai.
FONTE
Rádio ONU
Eleutério Guevane