De acordo com o casal de empresários Adriano Rodrigues de Azevedo e Lúcia Helena Munch, que mantém o apiário Mel de Teresópolis, na Região Serrana fluminense, a atividade pode aumentar em até 30% a produção de frutas, como laranja, limão, maçã e tangerina por meio da polinização. “Algumas frutas, como as amêndoas, dependem 100% da polinização apícola, que ocorre quando o pólen aderido nas abelhas fecunda a parte feminina das flores. Em outros casos, como a laranja ou a soja, a polinização aumenta a produtividade da plantação”, complementa Azevedo.

Pensando nas vantagens que a apicultura pode trazer para a preservação ecológica da região serrana, que engloba a Mata Atlântica, Azevedo desenvolve há 15 anos o projeto de parceria apícola com fazendas e sítios de Teresópolis e adjacências. O trabalho de Azevedo é visitar propriedades rurais e sugerir a produção de mel e própolis no lugar de outras atividades mais agressivas. Quando o dono da propriedade aceita a ideia, Azevedo e sua equipe montam o apiário e, em toda colheita, ele recebe 10% do que é produzido.

“Além de os proprietários dessas áreas terem uma boa quantidade de mel durante todo o ano, que pode ser comercializada ou usada para consumo próprio, eles ainda preservam suas terras, enquadrando-se às diretrizes do novo Código Florestal, que determina que cada propriedade deve manter preservados 20% da cobertura nativa localizada em Mata Atlântica”, explica.

Com o projeto, que recebeu subsídios da Faperj por meio do edital Prioridade Rio – Apoio ao estudo de temas prioritários para o governo do estado do Rio de Janeiro, o empresário pôde expandir suas atividades, aumentando o alcance de seu trabalho e passando a treinar os funcionários de cada propriedade, com aulas de apicultura e ecologia.

“Percebi o quanto é importante que cada trabalhador receba esses conhecimentos, pois, na maioria das vezes, os proprietários ficam distantes e são os funcionários que tomam a decisão do que será feito naquelas terras”, diz Azevedo.

Ensinamentos sobre como a preservação florestal é importante para o ecossistema e para a biodiversidade ou sobre os diferentes tipos de mel que as plantas nativas ajudam a produzir fazem parte dos conhecimentos transmitidos por Azevedo, em uma espécie de treinamento contínuo. “Também mostramos que não se deve queimar nem retirar a vegetação nativa, pois todas têm funções ecossistêmicas”, complementa o empresário.

O capixingui, árvore nativa da Mata Atlântica, que pode alcançar de cinco a 10 metros de altura e de 15 a 30 centímetros de diâmetro, é um dos exemplos citados por Azevedo. Essa espécie, muito utilizada para reflorestamento, tem flores a partir das quais as abelhas produzem um mel fino e claro, muito bom para consumo. Outra árvore de nome peculiar também é citada pelo empresário: o Sangue de Dragão, comum na Região Serrana. Com uma altura que pode chegar a 30 metros, essa espécie tem flores que contribuem para a produção de um mel de cor âmbar, menos doce, considerado também como um digestivo suave.

A época em que Azevedo recebeu o apoio da Fundação coincidiu com a recuperação da catástrofe que assolou a Região Serrana, em 2011. “Foi uma ajuda mais do que providencial, pois, além de contribuir com a reconstrução de nossas instalações, também auxiliou na expansão dos nossos serviços”, conta.

Com os recursos financeiros recebidos, o empresário comprou máquinas envasadoras eletrônicas, para encher potes e sachês de mel, plataformas de envase (superfície onde ficam as envasadoras), potes, e ergueu um muro de contenção para a construção de um galpão apícola, onde é executado todo o trabalho de manutenção de encaixotamento dos produtos. “Sabemos que a informação é o melhor meio de estabelecer novos comportamentos. Pretendemos fazer crescer a consciência ecológica em prol da preservação e também expandir a apicultura na região e no estado”, finaliza Azevedo.

FONTE

Faperj
Danielle Kiffer – Jornalista

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