O Cerrado, segundo o ambientalista, é considerado pelo agronegócio uma boa área para plantio, já que lá existem poucas árvores, as áreas são planas e há boa oferta de água. “E a imagem de que a agricultura é a solução para o país coloca mais pressão sobre o bioma”. Ele defende uma evolução ambiental no Cerrado para que a sociedade não venha sofrer com outras crises naturais. “Nós vemos como um novo momento mesmo. Temos essas crises climática e hídrica e daqui a pouco vamos ter a crise das pestes. Esse calor e falta de água favorece a proliferação de mosquitos e bichos, o que traz doenças para a população. É o que já vem acontecendo em São Paulo e outros lugares que têm problema de infestação de pestes”, alertou.
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de mais de 2 milhões quilômetros quadrado. Mas, desse total, segundo Bruno Mello, somente 20% estão preservados e 5% são áreas prioritárias, com uma grande biodiversidade e aquíferos. Originalmente o bioma abrange os estados de Goiás, do Tocantins, de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, da Bahia, do Maranhão, Piauí, de Rondônia, do Paraná, de São Paulo e do Distrito Federal, além de pequenas porções no Amapá, em Roraima e no Amazonas.
As nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul – Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata – estão no Cerrado. “Praticamente 80% da água de todo país nascem no Cerrado. Ele acabando, essa água vai acabar junto”, disse o ambientalista, explicando que o solo do Cerrado é muito poroso, devido às grandes raízes das árvores, e consegue armazenar muita água. “Pelo fato de interligar os biomas do Brasil, mexer com o Cerrado, mexe com todos ecossistemas”.
Mello participou no dia 11 de setembro da inauguração do Centro de Excelência do Cerrado, o Cerratenses, no Jardim Botânico de Brasília. O espaço, segundo o governo do Distrito Federal, será dedicado para pesquisas em cooperação com várias entidades governamentais e não governamentais, para a valorização do Cerrado, da cultura e pelo desenvolvimento de novas tecnologias para a proteção do bioma.
A inauguração do Cerratenses faz parte da 1ª Virada do Cerrado, que terminou ontem (13/09/15), no Distrito Federal, com atividades em várias regiões da capital.
FONTE
Agência Brasil
Andreia Verdélio – Repórter
Aécio Amado – Edição