CAR é, atualmente, um dos assuntos mais demandados pelo setor agropecuário | |
A adequação ambiental de propriedades rurais é, atualmente, um dos assuntos mais demandados pelo setor agropecuário. Com a atualização do Código Florestal e a implantação do CAR, técnicos extensionistas do Rio Grande do Sul passaram por um amplo treinamento que contemplou desde aspectos da legislação até metodologias de restauração de áreas degradadas. O evento aconteceu em Machadinho/RS e contou com curso e dia de campo. Durante três dias, 60 engenheiros agrônomos da Emater/RS, representando 40 municípios da região, assistiram palestras, realizaram exercícios práticos e visitaram propriedades rurais para conhecer exemplos de recuperação ambiental. A capacitação foi organizada pela Embrapa Florestas (Colombo/PR) e Emater/RS, com apoio da Apromate. Para um dos organizadores do evento, Ilvandro Barreto, assistente técnico regional em recursos naturais, do Regional de Passo Fundo, da Emater/RS, "a intenção do curso foi criar homogeneização de conceitos e conhecimentos na área ambiental, em especial sistemas agroflorestais (SAFs) e recuperação de áreas degradadas (RED), como forma de fazer o levantamento do passivo ambiental das propriedades e sua correção". O primeiro módulo abordou adequação ambiental de propriedades rurais e como fazer um diagnóstico ambiental. O analista Emiliano Santarosa, organizador do curso pela Embrapa Florestas, abordou os principais conceitos sobre a adequação ambiental, fundamentos para este tipo de diagnóstico e aptidão agrícola, aspectos da legislação ambiental e as principais metodologias de recuperação de ecossistemas degradados (RED) utilizadas atualmente para adequação ambiental, com exemplos práticos de Unidades de Referência Tecnológica (URTs). Ele mostrou que são processos que requerem conhecimento técnico e planejamento, além de entendimento da legislação ambiental. "É necessário que o diagnóstico contemple a propriedade de forma integrada, incluindo o manejo dos sistemas de produção e a aptidão agrícola das áreas, além de identificar áreas ambientalmente frágeis, como as APPs, que apresentam uma função ecológica importante e devem ser protegidas", explicou Emiliano. Hoje existem diferentes métodos para auxiliar na velocidade de recuperação de APPs, como a proteção (isolamento) e o plantio de espécies nativas, "mas a escolha das espécies mais adequadas dependerá da região, do perfil de cada área, do grau de degradação e das condições de clima e solo", explica Emiliano. Ainda no primeiro módulo houve uma exposição específica sobre diagnóstico de propriedades, feita pela pesquisadora Letícia Penno Dereti, da Embrapa Florestas. Para Letícia, "o diagnóstico ambiental é fundamental para o planejamento e a gestão de uma propriedade ou de uma paisagem, como por exemplo uma microbacia. Por isso, é fundamental procurar enxergar o ambiente de forma sistêmica, olhando as partes em conjunto, a fim de que se consolide um bom diagnóstico". O CAR Os técnicos extensionistas Antônio Carlos Leite de Borba e Gabriel Ludwig Katz, da Emater/RS, orientaram os participantes sobre o uso do GPS Trackmaker e sistema de informação geográfica no mapeamento da propriedade rural. Este mapeamento pode ser utilizado como uma ferramenta de gestão para adequação ambiental, bem como para auxiliar no diagnóstico da propriedade. "O CAR vai utilizar imagens de satélite e o uso correto desta ferramenta pode auxiliar no trabalho dos técnicos a campo", explicou Antônio Borba. Foram abordadas técnicas para utilização de diversos softwares de mapeamento e suas interfaces com o GPS. Reserva Legal O pesquisador Marcelo Francia Arco-Verde apresentou alternativas de recomposição com sistemas agroflorestais (SAFs), em especial com espécies frutíferas, mostrando casos de sucesso, inclusive da região amazônica. O pesquisador também abordou como fazer uma análise da viabilidade econômica dos SAFs, ressaltando a importância dos principais indicadores econômicos, do planejamento e do acompanhamento técnico em áreas de RL. Outra palestra abordou os resultados e perspectivas da arborização de erva-mate no município de Machadinho/RS, apresentada pelo pesquisador Amilton João Baggio. Foram apresentados resultados de pesquisa realizada pela Embrapa no Município e que podem servir de base para sistemas em RL. APP Projeto Nascentes Neste dia de campo foram visitadas propriedades rurais abordando diferentes estágios da recuperação ambiental, desde a fase inicial até áreas em estágios intermediários e avançados de recuperação das nascentes. Foi possível visualizar na prática algumas áreas onde foi realizada a proteção e o plantio de espécies nativas para recuperação de nascentes, além de discutir dúvidas no momento de realizar um diagnóstico a campo. O evento faz parte da agenda de Transferência de Tecnologia entre Embrapa Florestas e Emater/RS e está inserido no Projeto "Florestas na Propriedade Rural: estratégias para transferência de tecnologia florestal", coordenado pela Embrapa Florestas. Segundo Jorge Buffon, gerente adjunto da Regional Passo Fundo da Emater/RS, "nos últimos três anos houve renovação de praticamente 50% do nosso quadro de técnicos, e isso demanda capacitação para que os novos extensionistas entendam melhor as questões de adequação ambiental. Mas mesmo os mais ‘antigos' precisavam se atualizar para atender as novas questões apontadas pelo Código Florestal". A partir deste curso, serão instaladas quatro Unidades de Referência Tecnológica (URTs) no regional de Passo Fundo, além da própria experiência do Município de Machadinho já ser uma referência em SAFs com erva-mate e recuperação de nascentes, podendo ter sua metodologia multiplicada. Para Dirceu Slongo, assistente técnico estadual para área florestal e ambiental da Emater/RS, "a intenção do curso foi exatamente dar aos extensionistas segurança no dia a dia no sentido de poder interpretar as questões ambientais na propriedade rural, buscando, quando necessário, um rearranjo produtivo". Fonte |
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