O conceito do que é cerveja está prestes a mudar oficialmente. Ontem, o Ministério da Agricultura abriu consulta pública, por 60 dias, para um texto que deverá incluir dentro da categoria produtos que tenham em sua composição "sabores" como mel, frutas, ervas e até leite.
A mudança na legislação atende a uma antiga reivindicação das microcervejarias, que respondem por 1% do mercado brasileiro. Essas empresas apostam em produtos diferenciados e já vendem a bebida com sabor nos bares e no varejo, mas não podem classificá-la como cerveja. Acabam obrigadas a recorrer a subterfúgios como "bebida mista".
A tendência de adição de sabores à cerveja já chegou às gigantes do mercado brasileiro. No fim do ano passado, a Cervejaria Heineken fez da Kaiser Radler, que tem suco de limão em sua fórmula, uma de suas principais apostas para o verão.
De acordo com Marcelo Carneiro, presidente da Associação Brasileira de Microcervejarias (ABM) e sócio da Cervejaria Colorado, o número de lançamentos de produtos saborizados no mercado deve aumentar com a mudança na legislação.
Ele diz que o reconhecimento das bebidas saborizadas feitas de malte vai ajudar no desenvolvimento das cerca de 350 microcervejarias brasileiras. A regra atual, embora relativamente recente, de 2009, sequer menciona o produto com adição de sabores.
Carneiro diz também que a mudança - que só deve entrar em vigor em 2015, pelos cálculos da associação - também viria para corrigir um descompasso em relação à concorrência com produtos saborizados importados, que já chegavam ao País identificados como cerveja. "Antes, o Brasil podia importar cerveja de fruta, mas não podíamos fabricar. A nova regulamentação repara essa injustiça", ressalta o empresário.
Outra questão que causava expectativa no mercado era relativa ao teor de malte na cerveja. O porcentual de aditivos à cerveja não será alterado pela proposta do Ministério da Agricultura. O limite para mistura os chamados "aditivos cervejeiros" - com o uso de cereais como Milho e arroz, que seriam uma opção de corte de custos - continuará em 45%. Circulavam informações no mercado de que haveria interesse de grandes cervejarias em aumentar esse porcentual para 50%.
Procurada, a Ambev, que domina cerca de 70% do mercado nacional, negou que esteja envolvida em campanha para aumentar o teor de outros cereais.
Outra regra incluída no novo padrão para a produção de cerveja brasileira é a proibição de adição de álcool (além do produzido pelo próprio processo de fermentação).
A CervBrasil - entidade que reúne as fabricantes de cerveja - não quis comentar detalhes da proposta, mas afirmou que ela representa "um passo necessário à inovação do setor".
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