A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) desenvolve uma variedade de milho verde superdoce adaptada às condições de clima e solo da região dos Campos Gerais. Iniciado em 2007, em área da Fazenda Escola Capão da Onça, o projeto de pesquisa de iniciação científica “Produção de Milho Verde Superdoce” apresenta, agora em 2014, espigas semelhantes ao padrão comercial das espécies de milho convencional.
O objetivo é desenvolver uma cultivar para popularizar essa variedade de milho, que tem menor teor de amido e mais açúcar, sendo a mais consumida nos Estados Unidos e Canadá.
De acordo com o coordenador do projeto, professor José Raulindo Gardingo, a safra deste ano resultou em espigas grandes, com mais 200 gramas e 15 centímetros de comprimento, além de grãos de grande profundidade. “Em condições normais, essas espigas seriam miúdas e com grãos bem ralos”, diz o professor, destacando o melhoramento da semente, objetivo inicial da pesquisa, já foi atingido.
No primeiro plantio, realizado em 2007, foi utilizada uma semente básica de ‘milho doce superdoce’ desenvolvida pelo Centro Nacional de Pesquisas de Hortaliças, da Embrapa. A partir daí, a cada ano foram separadas 30% das maiores sementes das maiores espigas, até se atingir o estágio atual, com um aproveitamento em média de 50% das espigas com padrão de milho verde convencional – segundo o pesquisador. Ele comenta que o processo de melhoramento é contínuo. “A meta é chegar a um aproveitamento de 80% das espigas, média obtida com sementes de milho híbrido convencional".
Gardingo observa que, desde já, a UEPG procura empresas interessadas em produzir sementes melhoradas na Fazenda Escola. “Temos a intenção, também, de levar esses resultados ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), que dispõe de recursos e estrutura, para produzir as sementes e distribuir para agricultores da região, de forma que a Universidade possa requerer no registro da variedade no Cadastro Nacional de Cultivares. “Precisamos colher dados de vários locais de produção, inclusive em outros estados, para somente após requerer o registro”, completa, manifestando ainda o propósito de levar a variedade ao CIMMYT (Centro Internacional de Melhoria do Milho e Trigo), no México, para distribuição em outros países.
O professor Roberto Jasper, da disciplina de Manejo de Culturas do curso de Agronomia da UEPG, destaca o excelente resultado obtido no processo de melhoramento desenvolvido na Fazenda Escola. “Já trabalhei com milho e com empresas de produção de sementes. Posso assegurar que se trata de um milho de alta qualidade, que não deve nada a produtos existentes no mercado”, disse, ressaltando a importância de se popularizar essa variedade, para que todos tenham acesso. “As empresas não investem na produção de sementes do milho superdoce porque a maioria dos consumidores brasileiros não conhece esse tipo de milho.”
Para aumentar o consumo do milho verde superdoce, o professor Gardingo planeja também a criação de um projeto para colocá-lo na merenda das escolas públicas. Segundo ele, trata-se de uma variedade própria para o consumo in-natura. “Não serve para fazer pamonha, mas produz um excelente bolo”, reforça. Atualmente, em razão da baixa oferta desse tipo de milho especial, a produção nacional é irrisória. “Espigas com um padrão grande e grãos graúdos e o sabor adocicado devem atrair mais consumidores”, completa.
O projeto de melhoramento do milho superdoce, custeado parcialmente pelo professor Gardingo, recebe também financiamento da UEPG, com a cessão de área para plantio na Fazenda Escola Capão da Onça, adubo, controle de ervas daninhas e transporte. O grupo de melhoramento, formado pelos professores José Raulindo Gardingo e Rodrigo Rodrigues Matiello, bem como por alunos de pós-graduação e iniciação científica, desenvolve vários projetos, visando ao lançamento de cultivares de milho verde.
A pesquisa ainda oportuniza a dois bolsistas voluntários se especializarem na produção de um milho verde especial. Diego de Ávila Pospiesz (2º ano de Agronomia), há três anos no projeto, iniciou sua participação quando ainda era estudante do ensino médio (curso de Técnico em Agropecuária), no Colégio Agrícola Augusto Ribas, vinculado à UEPG; Jorge Rafael Clemente de Souza (2º ano de Agronomia) participa do projeto há dois anos.
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