Uma nova soja geneticamente modificada vai chegar ao mercado brasileiro na safra 2016/2017. Produzida pela Basf em parceria com a Embrapa, a tecnologia, batizada de Cultivance, será uma nova opção para os produtores no controle de plantas daninhas de folhas largas e gramíneas. Nessa safra vai ser comercializada para alguns produtores de sementes de oito estados, entre eles a Bahia, e 150 agricultores.
O material, lançado oficialmente na última terça-feira, é o primeiro totalmente desenvolvido no Brasil. Levou 20 anos até chegar ao mercado e um investimento de US$ 33 milhões.
Gerente de Marketing de Biotecnologia da Basf, Edilson Cotelo explica que o desenvolvimento dessa tecnologia deveu-se ao crescimento do mercado agrícola do país. Propícia ao clima tropical, poderá ser vendida futuramente para outros países do Mercosul.
Rotação
A inovação chega em um momento no qual os produtores estão trabalhando no aperfeiçoamento dos seus programas de manejo de pragas, a fim de controlar ameaças graves, como a helicoverpa armigera, que há dois anos causou prejuízos bilionários em vários estados brasileiros. Uma das práticas que podem aumentar a eficácia dos programas é a rotação de produtos.
Hoje, mais de 90% do mercado de soja está usando uma mesma tecnologia, a RR1, da Monsanto. "Essa é uma tecnologia muito boa, mas, ao longo dos anos o agricultor acabou ficando acomodado nela", diz o líder do programa de melhoramento genético da Embrapa, Carlos Arias.
A soja Cultivance é resistente a um outro tipo de herbicida, que não o glifosato - o mais usado por causa da RR1 -, Soyvance Pré. Juntos formam o Sistema de Produção Cultivance.
Estima-se que 30% das áreas de soja, no Brasil, tenham problemas com plantas daninhas, o que indica que as pragas já estão ganhando resistência às moléculas usadas. "O ideal é passar duas ou três safras usando uma tecnologia e depois substituí-la por outra. Para mudar o herbicida, tem que mudar a cultivar", diz Arias.
Entre as vantagens do Soyvance Pré, está o fato de demandar apenas uma aplicação por safra, o que reduz custos e prejuízos ambientais. O produto também pode ser aplicado após o plantio. Seus dois princípios ativos controlam as plantas que nasceram e também atuam no solo, impedindo novas plantas. Arias conta que o principal desafio durante o desenvolvimento foi a parte de biossegurança. "Tínhamos que produzir um material com as mesmas características da soja convencional e sem qualquer risco adicional".
Comercialização
Por enquanto serão disponibilizadas quatro variedades, uma destinada à região Sul e as demais para a parte central do país. Duas delas - BRS 8082 CV e BRS 8482 CV - vão servir para o oeste baiano. Há, ainda, outras quatro em processo de registro. Cotelo diz que a empresa ainda está finalizando o alinhamento do preço da tecnologia, mas afirma que ela vai chegar competitiva ao mercado.
A soja Cultivance já foi liberada nos Estados Unidos, China, Japão e nos países da União Europeia, principais destinos de exportação da commodity. Nessa safra vão ser plantados 30 hectares da soja por produtor. "Vamos ganhar uma escala bem maior na próxima safra", diz Cotelo.
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