Com períodos cada vez mais prolongados de seca em todo o Brasil, os produtores agrícolas não podem contar apenas com o regime de chuvas para garantir a produtividade da Lavoura, especialmente o feijão



Com períodos cada vez mais prolongados de seca em todo o Brasil, os produtores agrícolas não podem contar apenas com o regime de chuvas para garantir a produtividade da Lavoura, especialmente o feijão. A tecnologia é aliada de primeira ordem para a criação de grãos melhorados. Com o intuito de dar mais opção aos agricultores frente à escassez hídrica, o Centro de Grãos e fibras Instituto Agronômico de Campinas (IAC) desenvolve plantas mais resistentes ao deficit hídrico, capazes de se sustentar com volume de água até 30% menor que o usual. Os projetos de melhoramento podem levar à mesa grãos de qualidade, apesar das intempéries que possam vir a atingir o campo. 

Uma das últimas variedades desenvolvidas é o IAC imperador, que apresenta ciclo mais curto do que a média de outros grãos. Enquanto os outros levam de 90 a 95 dias, o feijão melhorado necessita de 75 dias do plantio à colheita. "Esses 20 dias de diferença representam o uso do sistema de irrigação de até cinco vezes menos. Pelo fato de o ciclo ser mais precoce, o feijão requer menos água", explica o diretor do IAC, Alisson Fernando Chiorato. Desde 2008, são desenvolvidas pesquisas para a criação de plantas mais tolerantes ao deficit hídrico. 

Outras 74 linhagens potencialmente resistentes ao estresse hídrico estão sendo avaliadas no instituto. Ao longo dos anos, os pesquisadores empreenderam diversos cruzamentos para chegar a linhagens mais resistentes. A qualidade das raízes é fundamental quando se fala em plantas resistentes. Elas ampliam a absorção de água nas camadas mais profundas do solo, o que possibilita que a planta absorva mais nutrientes para repassar ao grão. 

Método natural 

Outra vantagem do IAC imperador é que ele apresenta sistema radicular mais agressivo e robusto. "Consegue ficar mais dias no campo. É uma planta mais sensível à falta d"água", explica Chiorato. O cruzamento é feito com diferentes variedades de grãos. Todo o método é realizado de maneira natural, por meio de polinização cruzada. "Pegamos o pólen de uma flor e passamos para outra." 

Depois do encontro das diferentes plantas, os pesquisadores acompanharam sete gerações do feijão para escolher as melhores. "Passamos por 2,5 mil linhagens até chegar ao imperador", conta Chiorato. Para fazer os cruzamentos, o instituto recorreu a materiais do próprio banco de germoplasma e importou outras 250 linhagens do Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat), em Cali, na Colômbia. "A importação foi importante porque o Ciat trabalha há anos no desenvolvimento de cultivares tolerantes ao deficit hídrico", explica o diretor do IAC. 

O passo seguinte foi registar o grão no Ministério da Agricultura para que pudesse ser iniciado o processo de multiplicação da semente. O imperador já está sendo cultivado em lavouras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Ao todo, 29 empresas produzem sementes para repassar aos produtores agrícolas. Chiorato garante que, embora o grão seja mais resistente, não representará aumento nos custos, pois não é mais caro. Pelo contrário, pode reduzir em até 30% os custos de produção. "Quanto maior o ciclo da planta, mais ela vai sofrer com a falta de água e maior será a perda", afirma. "Não estamos desenvolvendo uma planta que não precisa de água. Estamos minimizando a sensibilidade das plantas em período de veranicos, em que é comum ficar de 15 a 40 dias sem chuva."

Fonte

CNA-SENAR

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