O aumento da produção de cultivos transgênicos em todo o mundo deu lugar a um maior número de incidentes relacionados a níveis baixos de organismos modificados geneticamente (OMG) detectados em alimentos e rações comercializados a nível internacional, segundo informou a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Os incidentes provocaram problemas no comércio entre os países, com bloqueios de envios de cereais e outros cultivos por parte dos países importadores que foram destruídos, ou devolvidos ao país de origem.
Os traços dos cultivos modificados geneticamente se misturam com os alimentos e rações não transgênicos por acidente durante a produção sobre o terreno (por exemplo, um ensaio de campo de um cultivo transgênico próximo de um campo com um cultivo não transgênico), ou durante as fases de elaboração, empacotamento, armazenamento e transporte.
Não existe um acordo internacional que defina ou quantifique o que é "nível baixo", portanto, a interpretação varia de um país a outro. Em muitos países se interpreta como qualquer nível em que é possível a detecção, enquanto que em outros países as decisões sobre qual nível é aceitável são tomadas em cada caso de forma individual.
O cultivo transgênico em questão pode ter autorização para o uso comercia, ou venda em um ou mais países, mas não está ainda autorizado em um país importador. Portanto, se o país importador detecta o cultivo não autorizado, pode legalmente se ver obrigado a rejeitar o envio.
Na primeira pequisa desse tipo que se realiza, 75 dos 193 países membros da FAO responderam as perguntas sobre os níveis baixos de cultivos transgênicos no comércio internacional de alimentos e rações. A pesquisa revela que os entrevistados apontaram 198 incidentes de níveis baixos de cultivos transgênicos misturados aos cultivos modificados geneticamente, entre 2002 e 2012. De acordo com a FAO, houve alto aumento de casos entre 2009 e 2012, quando se reportaram 138 dos 198 incidentes.
Os envios com níveis baixos de cultivos transgênicos se originaram principalmente nos Estados Unidos, Canadá e China, apesar de outros países também realizarem esse tipo de envio de forma acidental. Uma vez detectados, a maioria dos envios foram destruídos ou devolvidos ao país exportador. O maior número de incidentes afetou a linhaça, o arroz, o milho e o mamão.
"O número de incidentes é reduzido em relação às milhões de toneladas de alimentos e rações comercializados diariamente" ressalta Renata Clarke, oficial de Inocuidade Alimentar da FAO, responsável pela pesquisa, que acrescenta que os pesquisadores fomos surpreendidos ao ver incidentes em todas as regiões.
"Parece que quanto mais provas e mais supervisões se fazem, mais incidentes são encontrados" diz Clarke.
A representante da FAO diz, ainda, que apesar da tecnologia para realizar os testes estar melhor desenvolvida, os pesquisadores constaram que 37 dos 57 países que responderam à pesquisa têm pouco ou nenhuma capacidade de detectar os OMG, por não terem laboratórios, técnicos, ou equipamentos. "Muitos países pediram à FAO que os ajude a melhorar sua capacidade para detectar os OMG".
Para aumentar a difusão de informações sobre o tema, a FAO criou uma Plataforma de Alimentos Modificados Geneticamente, uma página na internet para que os países compartilhem informações sobre avaliações de sua inocuidade.
FONTE
Canal Rural
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