A DuPont diz que já está cultivando plantas de milho e trigo editadas com CRISPR em estufas e que testes de campo vão começar na próxima primavera. “Estamos falando de colocar produtos no mercado dentro de cinco a 10 anos”, diz Neal Gutterson, vice-presidente para a biotecnologia agrícola na Pioneer Hi-Bred, parte do negócio de 11 bilhões por ano da DuPont de químicos para culturas e sementes biotecnológicas. “Essa é uma ótima previsão em comparação com outras tecnologias”.
A empresa está testando a CRISPR para tornar o milho resistente à seca, assim como trigo geneticamente alterado para se reproduzir como um híbrido, em vez da autopolinização como ocorre normalmente. Plantas híbridas são vigorosas e os rendimentos podem saltar em 10 ou 15 por cento.
A lista crescente de tipos de plantas que já foram geneticamente modificadas com CRISPR-Cas9 em laboratórios acadêmicos, inclui soja, arroz e batatas. No mês passado, uma equipe japonesa usou a edição genes para desligar genes de amadurecimento de frutas em plantas de tomate.
Como parte de sua colaboração, a DuPont disse que tinha feito um investimento na Caribou, uma pequena empresa que detém os direitos comerciais para as patentes que a Berkeley pediu da CRISPR-Cas9. DuPont terá direitos exclusivos sobre essas patentes em culturas como milho e soja, que devem ser aprovadas.
Gutterson disse que os objetivos dos laboratórios de plantas incluem resistência a pragas ou seca, introduzindo rapidamente variantes genéticas benéficas encontradas em outras variedades da mesma espécie. Usando melhoramento convencional para mover traços pode levar muitos anos. “É muito tempo e não é tão preciso quanto gostaríamos”, diz Gutterson. “Nós poderíamos encurtar muito isso”.
Atualmente, a maioria dos OGM são plantas transgênicas que foram modificadas pela adição de genes de bactérias às plantas para que fossem venenosas a insetos ou sobrevivessem a sprays contra ervas daninhas. Graças à biotecnologia, o negócio de sementes cresceu para cerca de US$ 40 bilhões por ano, e empresas como a Monsanto, Dow, DuPont e Syngenta têm o dominado. Mas a necessidade de investir milhões em mais uma mudança de tecnologia de varredura chega com mercados de commodities deprimidos fez a rentabilidade das sementes biotecnológicas menos certa.
Gutterson diz que a DuPont acredita que a edição genética dará início a uma nova onda de produtos e lucros. “Não temos dúvida de que a edição genética vai ter um impacto material sobre a proposta de valor”, diz ele. “Nós acreditamos que outro ciclo inteiro poderia vir da edição genética”.
Edição Genética pode levar a algumas criações surpreendentes na agricultura. Por exemplo, amendoins têm algumas proteínas responsáveis por alergias. Livrar-se delas é um desafio, mas os amendoins antialérgicos podem ser possível com a nova tecnologia.
Outras empresas, como Cellectis e Dow, já usaram formas mais velhas e complicadas de edição genética para desenvolver variedades de milho e batata (veja “A Potato Made with Gene Editing”), mas a simplicidade do sistema CRISPR pode rapidamente aumentar o número, e a inovação, de plantas que chegam ao mercado.
Um obstáculo que a edição genética pode ajudar a superar são as poliploidias, o que significa que eles carregam cópias duplicadas dos seus genomas, às vezes até seis, como no trigo. Mas CRISPR pode ser “multiplexados” para afetar todas as cópias de um gene, ou para visar dezenas de genes de uma só vez, como os cientistas chineses demonstraram editando trigo no ano passado (veja “Chinese Researchers Stop Wheat Disease with Gene Editing”).
Empresas esperam que as culturas editada por genes possam ser em grande parte isentos de regulação. Já, o Departamento de Agricultura dos EUA tem dito a várias empresas que não regulamentam estas plantas porque eles não contêm genes de outras espécies. No entanto, não está claro como a União Europeia(UE) ou a China vai abordar as plantas feitas com os novos métodos.
“A verdadeira questão é o que acontece no mundo”, diz Gutterson. “Aqui você está trabalhando dentro do genoma de uma espécie, com produtos que vão ser dessa espécie. Esperamos que os regulamentos reflitam o risco, e de uma forma que permita nos permita ter tempo”.
FONTE
MIT Technology Review
Antonio Regalado