A água, que estimula o crescimento das hortaliças, vem de um poço na propriedade, sendo bombeada para tanques onde recebe os nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas


Não é segredo que os alfaces produzidos na propriedade do agricultor familiar Carlos Cortezio, em Mata de São João – região metropolitana de Salvador, BA – são cultivados através de um sistema que não utiliza o solo, e todos os nutrientes necessários são fornecidos na água. A família Cortezio iniciou o cultivo hidropônico – como é conhecido o sistema -, há três anos e meio, o qual apresenta vantagens tanto para o meio ambiente quanto para o consumidor. A assistência técnica contínua fica a cargo da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), que apóia e orienta a iniciativa.

De acordo com a esposa de Cortezio, Cibele, a idéia surgiu logo na chegada da família ao escritório da EBDA, em Mata de São João. “Após a nossa solicitação, fomos visitados pelos técnicos e eles constataram a potencialidade da nossa propriedade para o cultivo hidropônico”, disse a agricultora, que reconhece que a técnica causa muito menos impacto ao meio ambiente. “A economia de água é de 80%, em relação à produção convencional, e é possível produzir 28 vezes mais em uma única área”, garante Cibele.

Segundo o engenheiro agrônomo da EBDA, Jorge Cortez, que acompanha a família, a técnica de hidroponia garante mais limpeza ao produto, uma vez que não há o contato com possíveis contaminações do solo, a exemplo de coliformes fecais. “Este tipo de produção atende melhor ao consumidor”, explica Cortez.

A produção da família Cortezio é escoada para os supermercados da cidade, e o sistema está ganhando cada vez mais espaço na região. “Estamos ampliando nossa produção de 30 mil pés de alface, por mês, para 60 mil, e queremos produzir também outras hortaliças, com o acompanhamento técnico da EBDA”, conta o agricultor.

A água, que estimula o crescimento das hortaliças, vem de um poço na propriedade, sendo bombeada para tanques onde recebe os nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas. “Nós temos uma equipe que nos ajuda no cultivo, pois requer toda a atenção, como numa indústria”, descreve Carlos, destacando que a água da hidroponia é reutilizada, fazendo um ciclo que funciona 24 horas.

Produção
As mudas de alface são colocadas para germinar em pequenos furos, dentro de uma espécie de esponja, e depois colocadas em um local chamado de “berçário”, até serem transportados para canos, com 10% de inclinação, para que a água fique sempre em movimento, sem acumular. “Com esse cuidado, são evitadas as impurezas e o apodrecimento das plantas, em função da água parada”, explica o técnico. Todo o ciclo, desde o plantio das sementes, formação de mudas, transferência para os canos e colheita leva, em média, 55 dias.

A agricultora garante que, com o sistema, conseguem outras vantagens, como: as plantas não adquirem pragas e doenças, por não ter contato com o solo e utiliza-se menos mão de obra no cultivo. “Contamos com quatro colaboradores, sem contar comigo e meu marido e nossos dois filhos”, conta Cibele Corterzio, que cultiva numa área de cerca de meio hectare.

Com a aquisição de crédito rural, através da parceria entre a EBDA e instituições financeiras, o casal adquiria uma camionete para o transporte das hortaliças, que, até então, eram vendidas na propriedade. “Eles agora transportam a própria mercadoria e já estão construindo um escritório para administrar melhor e captar novos compradores, dentro e fora da região, utilizando inclusive a internet”, disse o engenheiro agrônomo. Com o mesmo sistema, o casal de agricultores pretende, futuramente, produzir coentro, hortelã, cebolinha, dentre outras hortaliças.

Fonte

Portal Dia de Campo

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