Este será provavelmente considerado o festival de colheita mais científico que a raça humana já viu. Os astronautas cuidadosamente limparam as verduras com lenços sanitizados com ácido cítrico antes de dividi-las cuidadosamente em dois. Uma metade do cultivo foi comida fresco, enquanto a outra será empacotada, congelada e enviada de volta à Terra para análise científica.
As sementes de alface foram plantadas em 8 de julho pelo astronauta Scott Kelly. Até o momento da colheita, elas terão gasto 33 dias dentro da Veg-01, um banco de luz que inclui luzes LED nas cores vermelha, verde e azul. As luzes LED vermelha e azul são as duas partes mais importantes do espectro da fotossíntese. A luz verde, por sua vez, é quase inútil, mas mesmo no espaço, a estética do alimento é importante. Para evitar a produção de plantas roxas espaciais, os engenheiros por trás da Veg-01 decidiram adicionar a luz verde à mistura.
“As luzes azul e vermelha são o mínimo necessário para um crescimento bom das plantas”, diz Ray Wheeler, cientista-líder para as atividade de Suporte à Vida Avançada no programas de exploração e pesquisa tecnológica do Kennedy Space Center. “Elas são provavelmente as mais eficientes em termos de conversão de poder elétrico. O LED verde ajuda a melhorar a percepção visual humana das plantas, mas não libera tanta luz quando as azuis e as vermelhas”.
A alface colhida hoje não vai encher o estômago de ninguém. Mas o significado do evento vai muito além do que uma mera dose extra de vitamina A. O sucesso da Veg-01 é um passo para o sistema alimentício renovável que precisaremos quando embarcarmos em missões nas profundezas do espaço, ou quando construirmos bases humanas permanentes em Marte. Os jardins espaciais podem eventualmente integrar o controle ambiental de habitações, absorvendo o CO2 e reciclando oxigênio e água.
Além disso, psicologia comportamental já mostrou diversas vezes que coisas verdes deixam as pessoas mas felizes. E essa ajuda é sempre bem-vinda e bastante necessária quando o assunto é manter a sanidade de pessoas presas em tubos de metal no espaço.
“Quanto mais distantes e prolongadas são as estadias dos humanos fora da Terra, maior é a necessidade de poder cultivar plantas para alimentação, reciclagem da atmosfera e benefícios psicológicos”, diz Gioia Massa, da Nasa. “Eu acho que o estes plantios se tornarão um importante conceito de qualquer cenário de exploração de longa duração”.
Entretanto, este não é a primeiro lote de alface cultivado no espaço: em maio deste ano, Steve Swanson, membro da Expedition 39, preparou e cuidou da primeira colheita. A horta em questão também levou 33 dias para crescer, mas todo o lote foi enviado diretamente para estudos na Terra. Pelo menos desta vez deixaram um pouco para os astronautas prepararem uma saladinha.
FONTE
Nasa
Maddie Stone
Publicado originalmente no Gizmodo.