A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Uva e Vinho lançou em dezembro o projeto Produção e Transferência de Matrizes de Videiras de Qualidade Superior (Mudas QS). O objetivo é estabelecer um programa para produção, controle e transferências de matrizes de videiras, com identidade genética e qualidade fitossanitária e morfológica. O lançamento foi feito dia 13 em Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, e o projeto deve ser levado a outras regiões produtoras de uvas para vinho no País, inclusive no interior de São Paulo. Na região de Sorocaba, São Roque se destaca, mas também há produção de vinho em São Miguel Arcanjo e Pilar do Sul. O Mudas QS foi criado a partir da constatação de áreas videiras condenadas no Rio Grande do Sul - Estado que mais produz vinhos - e a necessidade de qualidade das mudas para o produto final. A Associação Gaúcha de Produtores de Mudas (Agaprovitis) propôs o projeto, que deve servir a outras cadeias produtivas de uvas para vinho no Brasil. A Embrapa Uva e Vinho mantém uma estação experimental de viticultura tropical em Jales, interior de São Paulo. O Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) é o interventor técnico do projeto desenvolvido no âmbito da Rede de Centros de Inovação em Vitivinicultura (Recitivis), com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, por meio do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec). Conforme publicado no site do Ibravin, o diretor executivo do instituto, Carlos Paviani, classificou o projeto como umas das principais iniciativas estruturantes do setor. Lembrou que a entidade, em parceria com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), destina recursos para pesquisas em tecnologia e inovação, para aumentar a competitividade do segmento. "Não adianta pensarmos em qualidade dos nossos vinhos sem estar atrelada ao plantio de mudas saudáveis, com qualidade e procedência", disse Paviani. Embora com produção menor que o Rio Grande do Sul, o interior de São Paulo produz vinhos que têm mercado regional. A vitivinicultura paulista compreende os municípios de Atibaia, Itatiba, Jarinu, Jundiaí, Pilar do Sul, São Miguel Arcanjo, São Roque, Valinhos e Vinhedo, entre outros. Em seu estudo "Caracterização físico-química do vinho paulista", a pesquisadora Merenice Roberto Sobrinho, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, concluiu que maioria não é vinho fino, como o Cabernet sauvignon e outros cultivares viníferos vindos da Europa, e sim um vinho comum de mesa, jovem, que é produzido, engarrafado e já comercializado. São Miguel Arcanjo e Pilar do Sul, na região de Sorocaba, têm maiores plantações de uvas de mesa no Estado de São Paulo, mas também se produz vinho nos dois municípios. São Roque tem tradição em vinhos artesanais e nos últimos anos os produtores passaram a investir em roteiros turísticos, com cafés, bares e restaurantes. São Roque O vitivinicultor Fernando Passero, de São Roque, produz uvas Cabernet franc, Sauvignon blanc e Merlot. Daqui a um mês e meio começa a safra e ele pretende envasar entre 10 mil e 12 mil garrafas. Passero explica que as regiões situadas entre os paralelos 30 e 50, mais frias, são consideradas de melhor clima para o vinho, mas isso está mudando. Ele decidiu investir no plantio de uvas viníferas finas em São Roque e acredita que produzirá vinhos de boa qualidade. Sobre o projeto Mudas QS, Passero disse que ainda não havia tomou conhecimento de como irá funcionar, mas espera que iniciativas como essa ajudem os vitivinicultores, também de São Paulo, na troca de informações e resultados de pesquisas. Passero ressalta o crescimento da produção de vinhos no Nordeste, com irrigação, e as variedades de uva, fora dos padrões europeus, como a Lorena, que resulta num vinho branco ou espumante bastante apreciado. A Vinícola Góes, de São Roque, mantém um trabalho de pesquisa em novas variedades e adaptação de espécies. O campo experimental testa diversas qualidades de uvas, desde as de origem europeia como as americanas. A empresa também produz vinhos no Rio Grande do Sul, no município de Flores da Cunha. A unidade tem capacidade para 8 milhões de litros/ano. Em São Roque, a capacidade de estocagem é de 2 milhões de litros/ano. Além do vinho, outros produtos da empresa são suco de uva, cooler e espumante. No final do mês, ocorre em São Roque a Vindima, festa que comemora o início da colheita da uva. As maiores vinícolas recebem visitantes para conhecer os parreirais e o processo de fabricação do vinho, incluindo a pisa da uva, como se fazia antigamente. Na Vinícola Góes, a Vindima será de 25 de janeiro a 9 de fevereiro (aos sábados e domingos). Informações pelo site www.vinicolagoes.com.br. Fonte
CNA-SENAR
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