Realizado através de bolsa da Capes, em parceria com o Governo do Estado de Sergipe, por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS) pelo Programa de Apoio ao Pós-Doutorado no Estado de Sergipe, o estudo tem foco na detecção, diversidade e controle alternativo da bactéria, considerada uma das mais danosas do mundo para diversas culturas.
Rollemberg pretende detectar e isolar o agente para estudar sua variabilidade patogênica e genética e esclarecer a identidade da bactéria em Sergipe. O bolsista pretende, ainda, estudar o controle do moko da bananeira utilizando método alternativo visando subsidiar programas de controle da doença no estado, onde a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), que realiza monitoramento desde 1987, verifica sua ocorrência nos municípios de Neópolis e Propriá, no território do Baixo São Francisco Sergipano, importantes áreas de produção de banana.
O projeto, com duração de três anos, irá detectar bactéria na água de irrigação e em insetos presentes na cultura, como a abelha arapuá (Trigona spinnipes), estudar a sua diversidade e ainda buscar desenvolver um controle alternativo por meio de uso de óleos essenciais. “Pretendemos observar se o óleo em si possui algum princípio ativo que seja bactericida ou bacteriostático, e também verificar se o óleo será capaz de agir como um indutor de resistência da planta à bactéria”, explica Christtianno.
Um fato curioso observado em Sergipe, segundo o fitopatologista, é que o moko da bananeira tem acometido principalmente as flores e frutos da planta, diferentemente do que ocorre na Amazônia, por exemplo, onde a doença evolui a partir do rizoma (espécie de caule da bananeira) para a parte aérea.
Coordenado pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas da UFS (NEREN), Luis Fernando Ganassali de Oliveira Junior, o projeto tem apoio de diversas instituições e pesquisadores. A Embrapa auxiliará nos trabalhos de campo e coleta de material, a Emdagro fornecerá o cadastro com a identificação das áreas de ocorrência, e a UFS realizará as análises laboratoriais.
Concederão apoio técnico-científico o pesquisador do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França, Philippe Prior – o maior estudioso da Ralstonia solanacearum no mundo, e a professora e pesquisadora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Rosa de Lima Ramos Mariano – uma das grandes bacteriologistas do Brasil. O estudo tem, ainda, a colaboração dos professores do Departamento de Agronomia da UFS, Arie Fitzgerald Blank, Maria de Fatima Arrigoni Blank e Paulo Roberto Gagliardi.
Doença
A Ralstonia solanacearum, causadora do moko da bananeira, é considerada uma bactéria quarentenária de nível A2 pelo Ministério da Agricultura. O grupo A2 representa as doenças e pragas de importância econômica potencial, já presentes no país, que não se encontram amplamente distribuídas e possuem programa oficial de controle.
A bactéria é capaz de causar danos em cerca de 450 espécies de plantas pertencentes a mais de 54 famílias botânicas, entre as quais culturas de alto valor econômico, como banana, tomate, batata, berinjela e pimentão.
Por ser uma bactéria muito variável e adaptada a uma grande gama de hospedeiros e condições climáticas, a Ralstonia solanacearum tem sido classificada em cinco raças e seis biovares (variantes de uma mesma espécie que apresentam diferenças fisiológicas ou bioquímicas). Com o advento das técnicas moleculares, a sua classificação foi revisada, e atualmente é considerada um complexo de espécies, sendo classificada em filotipos (I-IV), sequevares (1-51), clones ou linhagens clonais e biotipos (1-11).
A disseminação da Ralstonia solanacearum raça 2 pode ocorrer de diferentes formas, entre as quais se destacam o uso de ferramentas infectadas durante os tratos culturais, contato entre raízes e entre solo-raiz, mudas infectadas, água de superfície, insetos visitadores de inflorescências, como as abelhas, vespas e moscas das, nematóides e o homem.
O agente é um patógeno altamente destrutivo, ocasionando sintomas em todos os órgãos da planta, que podem refletir na perda total da produção. Os sintomas do moko da bananeira manifestam-se principalmente por murcha, amarelecimento e necrose das folhas.
O controle de Ralstonia solanacearum é extremamente difícil, principalmente devido à ampla gama de hospedeiros, alta variabilidade genética e sobrevivência no solo por longos períodos a grandes profundidades, tornando o controle químico inviável e anti-econômico. Os métodos de controle existentes estão baseados em práticas culturais, como eliminação de ráquis florais e de plantas ou materiais vegetativos contaminados.
Entretanto, para o moko não existem medidas de controle eficientes ou cultivares de bananeiras resistentes disponíveis que tenham qualquer nível de resistência ou tolerância à doença, sendo, então, tomadas medidas de exclusão, que visam impedir que a doença atinja novas áreas.
Fonte: CNA-SENAR
|