(*) por Mony Belon
Sazonalmente, o abastecimento de fertilizantes para as aplicações da “safrinha” brasileira ocorre entre outubro e fevereiro. Assim, uma análise das importações durante tal período permite delinear o abastecimento doméstico e traçar perspectivas. Nesta matéria, foram utilizados os dados disponíveis, que datam até o mês de janeiro, para estimar a atual situação para o mercado brasileiro.
Em relatórios anteriores da consultoria INTL FCStone foi abordada a fraqueza tanto das importações quanto das entregas de compostos durante janeiro/15 em relação a janeiro/14. Porém, numa visão agregada dos últimos quatro meses é possível ir além e afirmar um descompasso entre as duas grandezas, o que resultou em maior acúmulo de estoques domésticos para todo o complexo NPK em janeiro/15 na comparação com janeiro/14.
Importações
As importações realizadas entre outubro/14 e janeiro/15 mostram um desempenho 2% acima do registrado na comparação com o mesmo período do ano anterior, totalizando 7,14 milhões de toneladas, contra 7 milhões de toneladas importadas entre outubro/13 e janeiro/14. O detalhamento por tipo de fertilizante importado pode ser encontrado na tabela abaixo:
Importações de Fertilizantes – Brasil – mil toneladas
Tal incremento ocorreu a despeito de dois fatores baixistas, que promoveram a incerteza quanto aos investimentos para a segunda safra durante o período analisado:
(i) oscilações nos preços dos grãos atuaram como fator de desestímulo à aplicação de insumos; e
(ii) atrasos no plantio da soja no Centro Oeste atuaram como incentivo para a postergação de aquisições, uma vez que poderiam resultar também no estreitamento da janela de plantio para o milho de segunda safra.
No entanto, fundamentos opostos, como o alto nível de produção registrado na temporada passada, suscitou a necessidade de reposição de nutrientes no solo. Ainda, temores de que a valorização do dólar frente ao real encarecesse aquisições realizadas em 2015 também contribuíram para o adiantamento das importações ainda para 2014.
Estoques
A combinação dos fatores previamente citados pode ser observada por meio do balanço para cada um dos nutrientes que compõem o complexo NPK no mês de janeiro/15, nas tabelas abaixo:
Estoques Finais de Fertilizantes – Brasil - Janeiro/15 – mil toneladas
As importações ocorridas em antecipação à alta do dólar resultaram em maiores estoques na comparação entre janeiro/15 e janeiro/14, uma vez que os fundamentos de aplicações mais modestas de insumos se mostraram mais evidentes e as entregas não acompanharam o ritmo da entrada de produto no país.
Desse modo, a ampla disponibilidade interna de produto corrobora para a tese de que o pico das aquisições pode já ter ocorrido durante os últimos meses de 2014 e que apenas uma retomada nas entregas durante fevereiro poderia refletir um atraso da demanda para aplicação na segunda safra de grãos.
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