ADUBAÇÃO VERDE COM USO DE CROTALÁRIA TORNA LAVOURAS MAIS SUSTENTÁVEIS NO NORTE FLUMINENSE

O plantio de leguminosas é comum entre agricultores que adotam a adubação verde. Essa prática agroecológica dispensa a adubação convencional (com produtos químicos) e, em seu lugar, utiliza a biomassa das leguminosas para ajudar na fixação de nitrogênio no solo. Na microbacia Campo de Areia, em São João da Barra, região Norte Fluminense, o plantio de crotalária, uma das espécies mais comuns de leguminosas, tem sido incentivado pelo Programa Rio Rural, da secretaria estadual de Agricultura.

A produção de Joilson Ribeiro é focada no cultivo de abacaxi, principal alimento do município sanjoanense. Sua produção anual chega a 40 mil frutos. Porém, o agricultor vem investindo também em lavouras de maxixe e quiabo e, para isso, decidiu preparar o solo com a adubação verde utilizando a clotalária. Há três meses, ele foi contemplado pelo Rio Rural com a aquisição de equipamentos para irrigação. Sua contrapartida ambiental foi providenciar o plantio de sementes de leguminosas em um hectare.

Segundo o produtor, nas últimas semanas as hortaliças têm crescido melhor e mais rapidamente. “Além dos pés de quiabo estarem se desenvolvendo bem, percebi o fato de que ao redor das plantas não tem mais mato, como havia antigamente. A crotalária está realmente protegendo o solo, que agora está bem limpo” comenta Ribeiro.

O plantio da crotalária da espécie juncea — uma das mais comuns no Brasil – se deu após a indicação do técnico executor do Rio Rural na microbacia Campo de Areia, Cid Retameiro. “Aqui nessa região do estado, por ser arenoso, o solo precisa ser enriquecido. É como se fosse a fundação de uma casa. Tem que ser boa. A clotalária tem respondido bem, até porque em apenas um hectare se produz vinte toneladas de massa verde ou mais” detalha o técnico.

Ainda de acordo com Retameiro, preferencialmente, as folhas e galhos da crotalária devem ser misturados ao solo no momento da preparação para o próximo cultivo por meio do gradeamento – técnica de nivelamento da terra. Dentro do solo, a decomposição do material orgânico da leguminosa otimiza a absorção dos nutrientes dos vegetais. Outro método de adubação verde é o depósito da biomassa da leguminosa – no caso, a crotalária – na superfície do solo, como se fosse uma capa.

“Essa cobertura morta protege a terra na medida em que o vento não chega com tanta pressão, evitando o ressecamento do solo. A leguminosa protege contra a radiação solar e combate os nematoides, vermes que atacam as lavouras. Por último, tem a vantagem da conservação de umidade, ou seja, os gastos com irrigação diminuem” menciona Cid Retameiro.

Por conta do papel importante na gestão da qualidade do solo e também na alimentação humana, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) declarou 2016 como o Ano Internacional das Leguminosas.

Poda, cuidados e projetos

crotalária juncea está pronta para ser podada em até 90 dias, tempo em que atinge seu ponto de maturação, evidenciado pelo nascimento de flores amarelas. Nesse prazo, ela pode atingir entre dois e três metros de altura. Se o produtor plantar no mesmo terreno a leguminosa e outra cultura, é preciso ficar atento ao tamanho da crotalária para que ela não sufoque o vegetal principal. Daí a necessidade de se fazer o corte regular da parte superior da leguminosa, que costuma rebrotar.

Joilson Ribeiro ficou tão encantado com os resultados da adubação verde que já recomendou o plantio de crotalária para os vizinhos. “Temos incentivado a vinda de outras pessoas aqui para que esse bom exemplo seja multiplicador, pois a leguminosa produz matéria orgânica com facilidade, o que é uma necessidade hoje em São João da Barra” defende Cid Retameiro.

O produtor rural disse ainda que planeja reservar parte do terreno para a produção de sementes de crotalária para seu próprio uso. No mercado, o quilo delas chega a custar R$ 15,00.

Crotalária também ajuda no combate ao mosquito aedes aegypti

Além dos benefícios ambientais, esse tipo de leguminosa ainda traz benefícios à saúde pública. As flores da crotalária atraem as libélulas, predadores naturais do mosquito aedes aegypti, que transmite dengue, zika e febre chikungunya. Atualmente, alguns municípios brasileiros estão investindo no plantio de crotalária para frear o crescimento dos casos epidêmicos.

FONTE

Governo do Rio de Janeiro

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