Quando se fala em inovação, a maioria das pessoas logo pensa em algo que só pode ser aplicado em grandes empresas e com alto investimento. Na contramão dessa ideia, produtores rurais mostram que a criatividade é capaz de tornar qualquer negócio mais competitivo e que a diferenciação de produtos pode vir até da tentativa de solucionar um problema.

Foi o que aconteceu há quatro anos com o Grupo Doce Retiro, que reúne 28 famílias do povoado de Vila Retiro, próximo a lhéus, na Bahia. Para evitar que 70% das frutas que produziam fossem para o lixo por conta das altas temperaturas da região e das precárias condições de transporte, eles passaram a desidratar bananas, abacaxis, jenipapos, mangas, cupuaçus, dentre outras espécies. Com isso, ganharam mais tempo para vender e ainda agregaram valor ao produto.

As bananas, antes vendidas in natura ao preço de R$ 0,80, chegam a R$ 20 depois de desidratadas. Apesar da perda de peso durante o processo, causada pela evaporação de 70% da água, o negócio vale a pena. Por mês, eles produzem cerca de 200 quilos de frutas, que são vendidas na região. “Se produzíssemos mais, com certeza venderíamos, porque a procura é grande”, afirma o vice-presidente do Grupo Doce Retiro, Aílton Bevenuto. Orientados pelo Sebrae, a associação está trabalhando na ampliação da produção. “Em quatro anos, queremos chegar a pelo menos duas toneladas por mês”, avalia.

“O apoio à inovação é uma das prioridades do Sebrae. Oferecemos consultoria e capacitação para que as pequenas propriedades rurais possam desenvolver produtos diferenciados e serem mais competitivas e rentáveis”, afirma o gerente de Agronegócios doSebrae, Enio Queijada, pontuando que que a instituição atende os segmentos de frutas, mel, peixes, cafés, carne, derivados de cana, flores, hortaliças, leite, mandioca, ovinos e caprinos.

Dono de uma produção de caju, o piauiense Josenilto Lacerda Vasconcelos investiu na certificação para diferenciar seu produto. Agora, seu estado contabiliza mais de 400 empresas de cajuína, mas somente a dele é orgânica. A ideia para essa inovação surgiu na participação do produtor no Projeto de Fruticultura do Piauí, capitaneado pelo Sebrae. Mais do que um selo, ele também desenvolveu uma fórmula especial que leva três espécies de caju e demora apenas seis horas para ficar pronta. O resultado, segundo ele, é um produto com cinco vezes mais vitamina C que a versão normal. Os 40 mil litros produzidos ao ano chegam aos 2,5 mil pontos de venda do Piauí por um valor 20% maior do que os concorrentes.

A certificação também foi o caminho encontrado por produtores de melão da região de Mossoró (RN) para conquistarem mais consumidores. Atualmente, 13 municípios da região contam com o selo de indicação geográfica (IG), concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) em parceria com o Sebrae a produtos de qualidade e origem comprovada.

Qualidade

De acordo com o produtor Francisco Vieira, a IG ajuda a manter os padrões de qualidade do produto e impede que outras pessoas utilizem o nome da região indevidamente. Dono da empresa Brazil Melon, Vieira produz 24 mil toneladas de melões a cada safra, que vai para o mercado brasileiro e países como Inglaterra, Holanda, Bélgica, França, Dinamarca, Alemanha, Irlanda, Islândia e Espanha. O Rio Grande do Norte responde por mais da metade da produção nacional dessa fruta, com 230 mil toneladas de melão colhidas anualmente.

Para conquistar o selo de indicação geográfica, associações de produtores ou entidades ligadas à produção recorrer ao INPI, que analisa o pedido a partir de diversas normas e procedimentos. O produto passa, inclusive, por um levantamento histórico-cultural para comprovar os diferenciais da região. O Sebrae acompanha todo o processo, com a realização de seminários e consultorias para a capacitação dos empresários envolvidos.

FONTE

Agência Sebrae de Notícias
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