Um grupo de cinco empreendedores do Rio de Janeiro descobriu no fruto da palmeira juçara uma fonte de riqueza e sustentabilidade até então ignorada. A árvore, que é típica da Mata Atlântica, corre risco de extinção por conta da exploração ilegal e predatória de palmito. Ao contrário do palmito que mata a planta, o fruto poderia ser explorado sem dano ao meio ambiente e incentivando o plantio.
Até 2010, no entanto, seu fruto nem sequer tinha registro no Ministério da Agricultura. Tudo isso mudou graças à curiosidade do economista e empreendedor George Braile, 42 anos.
Em 2010, Braile passeava por seu sítio, na Serra do Alambarí, em Resende (RJ), quando viu um grupo de jacus e tucanos se alimentando em uma palmeira. A árvore tinha em torno de 10 metros e seus frutos eram roxos e pequenos. Após experimentar alguns, Braile decidiu pesquisar sobre a planta.
Ele aprendeu que aquela era uma palmeira juçara e que sua espécie era muito similar às árvores que produzem o fruto do açaí no Pará e no Maranhão. Decidiu, então, extrair a polpa do fruto, e o resultado foi uma substância com cor, textura e sabor muito parecidos com o açaí. Além disso, o fruto da palmeira juçará tem propriedades nutritivas mais ricas que o açaí convencional:é quatro vezes mais antioxidante e possui mais potássio e ferro.
Como o fruto da juçara era mais nobre e ainda estimulava a preservação do meio ambiente, Braile decidiu elaborar um negócio sustentável com sua polpa. Assim, em 2011, foi criada a Juçaí, empresa que hoje comercializa sobremesas feitas com a polpa do fruto da juçara. “Foi aí que ele precisou montar uma equipe”, comenta André Mello, um dos atuais sócios do Juçaí. “Ele procurou um advogado ambiental para viabilizar o projeto, que foi o Oscar Graça Couto”, diz.
Nos três anos seguintes, Braile e Couto montaram juntos uma defesa do produto para registrá-lo no Ministério da Agricultura. Quando tudo ficou regularizado, foi hora de formatar o negócio. Nessa etapa, a Juçaí ganhou dois novos sócios: André Mello, que era executivo, e Lucas Veloso, outro advogado ambiental.
O grupo decidiu que comercializar a polpa não era a melhor opção, e preferiu apostar na produção de sobremesas feitas com o fruto. “Em 2014, depois de termos todas as respostas, partimos para o investimento. Construímos uma fábrica [no sítio de Braile], incentivamos os produtores da região a cultivar a juçara, fizemos pesquisa de mercado e desenvolvemos a marca. Tudo isso para entrarmos no mercado em 2015”, explica Mello.
Até hoje, o grupo já investiu cerca de R$ 2 milhões na Juçaí, sendo que R$ 600 mil foram usados na construção da fábrica. Em 2015, foram vendidos 18,6 mil litros de Juçaí, o que resultou em um faturamento de R$ 450 mil. O produto é vendido em potes de 200 ml e baldes de cinco e 10 litros.
Hoje, o Juçaí é vendido em mais de 160 pontos na cidade do Rio de Janeiro, como cafés e lojas de produtos orgânicos. O preço do pote de 200 ml varia entre R$ 9,50 e R$ 11, dependendo da loja. Atualmente, a sobremesa está disponível apenas no sabor banana, mas novas opções como goiaba e maracujá estão sendo elaboradas, assim como um plano de expansão para o estado de São Paulo em 2016. A meta de faturamento para 2016 é de até R$ 2,2 milhões.
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