Em 2014, o Brasil produziu 45,1 milhões de sacas de café de 60 kg, sendo 32,1 milhões de café arábica e 13,0 de café conilon.
O Espírito Santo é o maior produtor de café conilon com 9,9 milhões de sacas, o que representa 78% da produção nacional (Conab/Set.2014) e 20% da produção mundial. É ainda o segundo maior produtor nacional de café (arábica e conilon), cerca de 25% da produção do País. Como protagonista desse sucesso, está a pesquisa, desenvolvimento e inovação gerados no decorrer da trajetória do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural -Incaper, cujas pesquisas ganharam impulso com a criação do Consórcio Pesquisa Café, em 1997, sob a coordenação da Embrapa Café. Para ter ideia do resultado do investimento em pesquisa, a produção no Estado do Espírito Santo saltou de 2,4 milhões de sacas em 1993 para 9,9 milhões de sacas de café conilon e 2,8 milhões de sacas de café arábica na safra de 2014, com um aumento de apenas 11% da área plantada.
Nos últimos anos, o Incaper tem avançado continuamente em pesquisas para renovação e revigoramento de lavouras e também em assistência técnica e extensão rural. Como reconhecimento desse esforço de pesquisa, o Instituto foi contemplado como o INOVES – Prêmio Inovação na Gestão Pública do Espírito Santo, programa do Estado coordenado pela Secretaria de Gestão e Recursos Humanos que estimula o desenvolvimento da inovação e do empreendedorismo no contexto do serviço público. O projeto "Melhoramento Genético Sustentável do Café Conilon" foi o vencedor da categoria Resultados para a Sociedade, uma das mais concorridas do prêmio. A pesquisa teve início em 1985, em parceria com outras instituições, com o objetivo de gerar cultivares superiores para os cafeicultores capixabas. A criação do Consórcio Pesquisa Café, em 1997, fortaleceu esses estudos em curso e estimulou ainda outros em diversas áreas de pesquisa.
Parceiros – Além da Embrapa Café e do Consórcio Pesquisa Café, as instituições parcerias no projeto do Incaper e envolvidos na iniciativa, são o Governo do Espírito Santo, Fundação de Amparo à Pesquisa e inovação do Espírito Santo - Fapes, Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA/UFES), Universidade Federal de Viçosa - UFV, Instituto Agronômico de Campinas - IAC, Banco do Nordeste, Nestlé, Conilon Brasil e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Senar.
Resultados – A partir desse projeto de melhoramento genético, até o momento, foram desenvolvidas nove cultivares que têm sido a base da renovação de 8% do parque cafeeiro capixaba por ano. São elas: Emcapa 8111, Emcapa 8121, Emcapa 8131, Emcapa 8141- Robustão Capixaba, Vitória – Incaper 8142, Diamante ES 8112, ES 8122 - Jequiitibá,Centenária ES 8132 e Emcaper 8151 - Robusta Tropical.
O uso das tecnologias tem contribuído para que a produtividade média estadual aumentasse em 277% saltando de 9,2 para 35 sacas beneficiadas/ha. Foram renovados 50% do parque cafeeiro com essas cultivares que, associadas a outras tecnologias, beneficiaram cerca de 40 mil famílias e 150 mil produtores em 25 mil propriedades e promoveram o incremento de cerca de 312% na produção, com redução de custo e de uso de defensivos, contribuindo, assim, para a sustentabilidade da cafeicultura capixaba.
Avaliação dos pesquisadores - A premiação do INOVES foi recebida com entusiasmo pela equipe de pesquisadores envolvida no projeto. "Estamos muito felizes e nos sentindo recompensados. A vitória nessa categoria do INOVES é dedicada aos cafeicultores, principais beneficiários do conhecimento científico", afirma o pesquisador do Incaper e coordenador do programa Estadual de Cafeicultura, Romário Gava Ferrão. Para ele, o prêmio é resultado do trabalho de uma equipe coesa, dedicada e talentosa, que conta com apoio dos servidores do Incaper, responsáveis pelo desenvolvimento e por levar a tecnologia aos agricultores.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Café no Incaper Aymbiré Francisco Almeida da Fonseca as parcerias institucionais estabelecidas, desde o início dos trabalhos há 29 anos, são fundamentais para o desenvolvimento de pesquisas científicas de café conilon e importantes fatores para o êxito desse projeto. "Àquela época, buscamos orientações e expertises de outras instituições, o que contribuiu também para alcançarmos a premiação do INOVES. Nos últimos anos, apresentamos os resultados dessas pesquisas à comunidade científica e recebemos visitas de comitivas nacionais e internacionais". Ele também acredita que o resultado do prêmio é uma forma de a sociedade reconhecer os resultados obtidos ao longo de anos.
A pesquisadora da Embrapa Café no Incaper Maria Amélia Gava Ferrão destaca que os resultados das pesquisas do Incaper na área de melhoramento genético foram precursores de outras tecnologias desenvolvidas na área da cafeicultura no País. "Sem os resultados obtidos pelo melhoramento genético, outras tecnologias na área de adubação, irrigação e nutrição de plantas, por exemplo, não teriam se desenvolvido com a mesma magnitude".
Segundo o diretor-presidente do Incaper, Maxwel Assis de Souza, a premiação demonstra o reconhecimento da qualidade do trabalho desenvolvido pelo Incaper, que teve dois projetos na final do INOVES. "O prêmio foi muito importante, pois mostra a qualidade do trabalho e dos serviços prestados pelos nossos servidores à sociedade. Estamos motivados a concorrer, no próximo ano, com mais projetos, não apenas com a expectativa de ganhar novos prêmios, mas sobretudo de apresentar à sociedade os resultados dos investimentos em pesquisa".
Para o gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo, o prêmio referenda o Incaper como instituição de ponta na pesquisa de café no Brasil. "Precisamos investir continuamente em pesquisa em rede para garantir a excelência dos resultados de todas as entidades consorciadas. Para isso, o Consórcio Pesquisa Café conta a parceria de instituições de ensino, pesquisa e extensão nas principais regiões produtoras movidas por objetivo comum: o café brasileiro. E nesse caso, o Incaper é um exemplo a ser seguido".
Prêmio INOVES - O objetivo principal do prêmio é estimular o desenvolvimento e a consolidação de cultura empreendedora de gestão da administração pública no Estado, reconhecendo equipes de servidores que desenvolvem trabalhos inovadores e de excelência no serviço público capixaba, beneficiando a população com serviços de qualidade. Desde 2005, mais de 1,7 mil projetos inovadores concorreram ao prêmio, em suas diversas categorias. Desses, mais de cento e sessenta foram reconhecidos e ganharam expressão no Estado e no País, servindo de exemplo para outros setores, organizações e sistemas de trabalho.
As temáticas do prêmio INOVES são: Resultados para a Sociedade; Uso eficiente dos Recursos Públicos; Valorização do Servidor; Atendimento ao Cidadão; Inclusão Social; Participação de Controle Social; e Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação. Participam do Inoves projetos desenvolvidos por equipes de trabalho no contexto do serviço público estadual e municipal, dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e do Ministério Público do Espírito Santo.
Mais tecnologias do Incaper e impactos - Em quase 30 anos de pesquisa de café conilon no Incaper, foram desenvolvidos diferentes conhecimentos básicos, produtos, processos e tecnologias que têm sido amplamente utilizados pelos cafeicultores. Exemplos são, além das cultivares melhoradas, aprimoramento das tecnologias para produção de mudas clonais de qualidade superior, recomendações de espaçamentos, poda programada, plantio em linhas, adubações, manejo de pragas e doenças, práticas de conservação de solo, manejo de irrigação e tecnologias de colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento.
O café é o sustentáculo econômico de 80% dos municípios capixabas e responde por 43% do PIB agrícola do estado. Toda a cadeia produtiva gera aproximadamente 400 mil postos de trabalho ao ano, de forma direta e indireta. Só no setor de produção envolve 131 mil famílias. O cultivo dos cafezais capixabas representa hoje mais de quarenta por cento da renda agrícola estadual. O estado é o único que tem produção significativa das duas espécies - arábica e conilon – com produção anual de cerca de 12,8 milhões de sacas colhidas em 60 mil propriedades, das quais, mais de 73% são de base familiar.
Estimativa 2014 – Segundo a Companhia de Abastecimento (Conab/Set.2014), a produção cafeeira de 2014 no Espírito Santo será de 12,8 milhões de sacas. Desse quantitativo, 2,8 milhões (22,57%) sacas de café arábica e 9,9 milhões (77,43%) sacas de café conilon. Esse total é oriundo de um parque cafeeiro em produção de 445.140 hectares. A produtividade média de 18,01 sacas por hectare para o café arábica e 35,02 sacas por hectare para o café conilon.
Fonte
Grupo Cultivar>Newsletter. Ed. de 15/12/2014
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