“A Fenicafé tem, na sua programação, o Simpósio de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada, que apresenta os resultados de trabalhos de pesquisa com ênfase no uso correto da irrigação, proporcionando ganhos significativos em produtividade e qualidade. O evento como um todo tem grande repercussão para os seus diferentes públicos-alvo, pois trata de temas que os afetam de forma direta e imediata”, diz o gerente-geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo.

Destaques e resultados

Um dos destaques dessa edição comemorativa é o workshop internacional Como o cafeicultor brasileiro pode se tornar um produtor de água? com a palestra Reservação e alocação negociadas da água para a agricultura irrigada — o caso americano, proferida por Steve Deverel, do Hydrofocus/Californonia Department of Water Resources, nos Estados Unidos.

A temática da água também estará presente na palestra sobre O Programa Produtor de Água no Brasil, do representante da Agência Nacional de Águas (ANA) Devanir Garcia dos Santos.­ A Feira irá abordar outros temas de pesquisa, como doenças do cafeeiro, tecnologias para produção de mudas de café, segurança e proteção para o agricultor, fertilizantes, adubação, selo de origem e qualidade, cafeicultura de precisão, poda, entre outros.

Referência nacional e internacional para discussão de aspectos relevantes da cafeicultura irrigada, a Fenicafé tem contribuído para a crescente adoção dessa tecnologia no Brasil. De acordo com professor da Universidade de Uberaba, André Fernandes, em 1995, havia pouco mais de 5 mil hectares de café irrigado no País. Passados 20 anos, hoje a irrigação da área cultivado no País cresceu bastante.

Em busca de mais informações sobre essa edição da Fenicafé, aEmbrapa Café entrevistou André Luís Teixeira Fernandes, engenheiro agrônomo, formado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e com mestrado em Irrigação e Drenagem pela mesma instituição e doutorado em Engenharia Agrícola pelaUniversidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atualmente é Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Universidade de Uberaba. Fernandes também é membro da comissão organizadora da Fenicafé e do Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras.

Embrapa Café – Conte-nos como surgiu a Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura, objetivos e principais contribuições para a cafeicultura.

André Fernandes – Esse evento teve início em 1995, na Câmara dos Dirigentes Lojistas – CDL de Araguari, Minas Gerais. O evento era realizado apenas no período da tarde, com dois palestrantes, eu e Roberto Santinato, da Fundação Procafé. Era um evento previsto para 120 pessoas, mas compareceram mais de 200. Já nesse ano percebemos que o tema irrigação de café era importante para a região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e também para todas as regiões cafeeiras do Brasil. Isso pode ser demonstrado pela grandiosidade do evento nos dias de hoje. Além disso, a área cafeeira irrigada aumentou muito desde então: em 1995, era algo em torno de 5 mil hectares irrigados. Hoje são quase 300 mil hectares irrigados. E toda essa evolução em números e em tecnologia foi discutida nos últimos 19 eventos e será também abordada na edição comemorativa de 2015. Podemos dizer que atualmente a Fenicafé é o maior evento de irrigação de café do Brasil e do mundo.

Embrapa Café – Quais os principais desafios para a realização do evento e como têm sido superados?

André Fernandes – A principal dificuldade é sempre a financeira. Trata-se de evento sem fins lucrativos, mas montar toda a infraestrutura custa muito, além dos custos com palestrantes, viagens, estadias. E não temos apoio irrestrito do governo, como outros eventos. Sempre contamos com verbas da União, mas é preciso buscar outras fontes. Temos aprovado, nos últimos anos, fomento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o que também engrandece o evento, principalmente em termos científicos. Mas o que realmente torna possível a realização é a participação maciça de empresas do setor. Este ano, teremos mais de 70 empresas com stands internos e externos. Esse apoio nos permite que a participação da população no ambiente da feira não seja cobrada. Apenas há uma pequena taxa de inscrição para os que queiram assistir às palestras. Outro ponto forte é a escolha dos temas e dos palestrantes. Existe uma comissão técnica composta por cafeicultores, lideranças rurais, consultores e técnicos que permite a elaboração de programação extremamente interessante em cada ano do evento, tornando-a sempre atrativa. Voltando a falar em dificuldades, outro fator é a equipe para a organização da feira. Como não temos verba destinada para a contratação de empresa organizadora de eventos, todo o trabalho é feito pela equipe da Associação dos Cafeicultores de Araguari, a ACA, junto com voluntários (professores, estudantes de graduação e pós graduação).

Embrapa Café — Qual a programação desta edição de 20 anos e o que há de novidade para o público participante? Quais os principais destaques nos debates, palestras, workshops e área de exposição?

André Fernandes – Este ano a programação está imperdível, tratando de vários assuntos relevantes para a cafeicultura nacional e mundial. No dia 3 de março, serão tratados assuntos como “Importância dos recursos hídricos para a produção de alimentos”, “Doenças do cafeeiro: novidades e desafios” e “Tecnologia para produção de mudas de café: sacolas plásticas, tubetes e mudas enxertadas”. No dia 4 de março, ocorrerá a abertura do XV Simpósio Brasileiro de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada e ainda serão debatidos os temas “Ferti-irrigação do cafeeiro: resultados conclusivos para lavouras de alta tecnologia”, “Gotejamento enterrado: Tecnologia a ser utilizada na irrigação localizada do cafeeiro — Prós e Contras” e “Cenários climáticos no Brasil e no mundo e suas implicações para o cultivo e mercado de café”. Também haverá o workshop “Como o cafeicultor brasileiro pode se tornar um produtor de água?”. Nesse dia, haverá as palestras “Reservação e alocação negociadas da água para a agricultura irrigada — o caso americano” e “O Programa Produtor de Água no Brasil”, além de abordagem sobre “A função das veredas na hidrologia regional e os impactos da implantação de barramentos”.

No último dia do evento, 5 de março, será realizado o workshop “Uso de fertilizantes na cafeicultura (título do Workshop): qual a diferença entre Fertilidade do solo e nutrição de planta?” e o painel “Selo de Origem e Qualidade Região Cerrado Mineiro como oportunidade de Negócios e Diferenciação”. Além disso, serão discutidos o “Uso eficiente de fertilizantes: considerações práticas para a otimização da adubação do cafeeiro”, “Cafeicultura de precisão: resultados e custo/benefício da aplicação em taxa variável levando em conta a amostragem georreferenciada do solo” e “Manejo nutricional no programa de podas do cafeeiro”.

O principal destaque do evento é a participação maciça de mais de 70 empresas expondo produtos e serviços, gerando volume de negócios em torno de R$ 30 milhões. Além dos 20 anos da Fenicafé, esta edição marca os 30 anos de fundação da Associação dos Cafeicultores de Araguari. Em novembro de 2014, já fizemos um grande evento para comemorar os 30 anos da ACA. Durante a Fenicafé, vamos relembrar os principais momentos dessa trajetória durante a programação das palestras.

Embrapa Café — A respeito dos três grandes eventos (XX Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado, XVIII Feira de Irrigação em Café do Brasil e o XVII Simpósio de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada), realizados simultaneamente na Fenicafé, como surgiram, objetivos, destaques desta edição e principais resultados alcançados?

André Fernandes – O Encontro Nacional de Irrigação da Cafeicultura do Cerrado é o mais antigo, com esse nome há 20 anos. Depois surgiram os outros, o Simpósio de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada, para a discussão científica de assuntos relacionados à irrigação do café, e a Feira de Irrigação em Café do Brasil, que fez com que as empresas do setor pudessem mostrar aos participantes as novidades ano a ano.

Embrapa Café — Muito se tem falado sobre a crise de água no Sudeste. Como utilizar a irrigação de forma mais sustentável e que tecnologias inovadoras estão disponíveis para melhor uso da água na irrigação?

André Fernandes – O que vai ser muito discutido neste evento é o fato de o produtor rural irrigante não ser o vilão da história, como está sendo veiculado na mídia. A irrigação no Brasil ocupa apenas 7% da área. Não é possível que ela seja responsabilizada pelo caos no abastecimento, principalmente o urbano. Serão discutidos todos esses aspectos, tantos os climáticos, que promoveram a falta de água nas principais regiões cafeeiras nos últimos dois anos, até os que permitem que os cafeicultores se tornem produtores de água, com a adoção de sistemas de irrigação mais eficientes, recuperação de áreas degradadas, proteção dos mananciais, entre outros assuntos. E vamos trazer experiências internacionais, principalmente da Califórnia, região que passa por período crítico de escassez de água similar ao que estamos passando, mas já realizou uma correta gestão dos seus recursos hídricos, o que permitirá atravessar a crise sem grandes problemas.

Embrapa Café — Em geral, qual tem sido o perfil dos participantes da Fenicafé, o que buscam e trazem de contribuição? Qual a estimativa de público para este ano?

André Fernandes – A participação é de técnicos, estudantes, cafeicultores e empresários rurais de todas as regiões cafeeiras do Brasil. Não é mais um evento do Cerrado Mineiro, mas sim um evento nacional. Estamos prevendo novamente a participação de cerca de 1500 inscritos para assistirem às palestras, mas um público flutuante de 20 mil pessoas nos três dias da feira.

Embrapa Café — O que o evento traz de oportunidades para esses participantes e como esse público poderá tirar o melhor proveito do evento em termos de geração de novos e melhores negócios, informações e conhecimentos?

André Fernandes – Os participantes terão acesso às mais diversas tecnologias, produtos e serviços durante o evento. Poderão participar de palestras e ter conhecimento de assuntos do mais alto grau de relevância para a melhoria do seu negócio. E, o principal, poderão realizar muitos contatos durante os três dias de feira.

Embrapa Café – Quantos trabalhos científicos foram apresentados no Simpósio de Pesquisa em Cafeicultura Irrigada durante os 17 anos de realização desse evento? Como pesquisa, setor produtivo e transferência de tecnologia têm se beneficiado desse intercâmbio?

André Fernandes – Mais de 500 trabalhos científicos já foram apresentados mas, por ser um assunto específico, irrigação de café, não temos submissão expressiva de artigos científicos, talvez até pela concorrência com outros eventos de pesquisa mais abrangentes. O maior diferencial desse evento é que os trabalhos são apresentados a quem efetivamente necessita de melhorias, que são os cafeicultores, maior público da feira. Os resultados gerados não são engavetados, são apresentados e discutidos por pesquisadores, estudantes, técnicos, consultores e, principalmente, produtores.

Embrapa Café — Qual a mensagem final que gostaria de transmitir aos cafeicultores e demais interessados no agronegócio café em relação à Fenicafé.

André Fernandes – Gostaríamos de convidar cafeicultores, pesquisadores, estudantes de graduação, pós-graduação, consultores, técnicos e demais interessados para nos prestigiar com a presença na Fenicafé, que, cada vez, mais se consolida com um dos principais eventos da cafeicultura nacional e mundial.

Para conhecer mais sobre a feira, visite as páginas do evento na internet e nas redes sociais: www.fenicafe.com.br,www.facebook.com/fenicafe e www.youtube.com/fenicafeari.

FONTE

Embrapa Café
Flávia Bessa – Jornalista
Telefone: (61) 3448-1927
E-mail: cafe.imprensa@embrapa.br

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