O presidente da Cooxupé, Carlos Alberto Paulino da Costa, disse, em entrevista a Globo Rural, que é favorável à liberação de importações de café verde por parte do Brasil. A discussão sobre o assunto ganhou força depois do anúncio da construção de uma fábrica de cápsulas anunciada pela Nestlé, em dezembro.

Paul Bulcke, presidente global da empresa, anunciou o investimento de US$ 200 milhões na primeira fábrica de cápsulas de café da multinacional fora da Europa. O empreendimento será em Montes Claros (MG), ao lado da unidade de Leite Moça da empresa.

A multinacional precisará importar 10% de cafés para a composição dos blends. Observação: 90% do conteúdo das cápsulas será café brasileiro. O anúncio causou muito burburinho, porque boa parte dos produtores é contra e teme perder espaço para o café vindo de fora.

“Eu não tenho medo da importação porque somos competentes para produzir o café com o menor custo possível. No começo pode haver importação, mas a Nestlé vai verificar que temos competência para produzir o café que eles precisam. Eles vão acabar comprando tudo aqui dentro”, diz Costa, presidente da maior cooperativa de café do mundo com 11.500 cooperados.

Segundo o presidente da Cooxupé, a multinacional irá importar entre 30 mil e 40 mil sacas de café. “O que é isto perto da produção brasileira de 45 milhões de sacas de café?”, indaga. Para ele, a importação é o caminho para reverter o déficit da balança comercial de café torrado e moído.

Conforme o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), de janeiro a novembro, o Brasil importou a cifra US$ 44,1 milhões. Em contrapartida, as exportações do produto no mesmo período foram de US$ 11,2 milhões.  “A Nestlé vai comprar uma pequena quantidade lá fora e exportar uma grande remessa”, diz o presidente da Cooxupé. “Ela quer que o Brasil seja a plataforma de exportação para a América Latina”, acrescenta.

Trâmites legais

A atual legislação brasileira impede a compra do grão cru de outras origens com a justificativa que o produto poderia trazer novas doenças e pragas aos cafezais nacionais. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), não existe proibição de importação, mas requisitos que precisam ser preenchidos para liberar a transação.

O primeiro passo é o país interessado em vender café ao Brasil formalizar o pedido. De acordo com o Mapa, já há solicitação de entrada de café em grão cru da Colômbia, Etiópia, Vietnã, Indonésia e Peru. A etapa seguinte é o solicitante atender os requisitos fitossanitários exigidos pelo Mapa. As especificações podem ser conferidas aqui.

Fonte

Globo Rural

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