Da Redação

O Brasil exportou um volume recorde de café verde em outubro, com negócios favorecidos pelas boas cotações do produto no mercado internacional, mostraram dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) nesta segunda-feira

O país embarcou 3,09 milhões de sacas no mês passado, superando a marca histórica anterior, de 3,08 milhões de sacas registrada em outubro de 2010. Em setembro de 2014, o volume exportado foi de 2,76 milhões de sacas, e em outubro de 2013, de 2,92 milhões de sacas.


O recorde do maior exportador global de café ocorreu em um mês em que as cotações do produto registraram a máxima de mais de dois anos e meio na bolsa de Nova York, impulsionadas por preocupações quanto à qualidade e o volume da safra do Brasil em 2014 e em 2015, após longos períodos recentes de seca nas regiões produtoras do país.

"O câmbio ainda não afetou os embarques, mas com certeza os preços de Nova York foram o fator que mais ajudou. Temos um estoque de passagem alto. Os produtores têm capacidade de vender esse café", avaliou o diretor comercial da Exportadora de Café Guaxupé, João Carlos Hopp Júnior, em Minas Gerais.

O dólar registrou em outubro o maior patamar em vários anos.

"Teoricamente, se o dólar se fortaleceu em relação ao real, significa mais reais para pagar a quem produz o café. Mas aí fica uma disputa para quem vai ficar com essa diferença (entre agricultor, exportador e comprador internacional)", disse o diretor do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes Jr., especializado em corretagem de café, em Santos (SP).

Com a colheita do café arábica encerrada, outubro tem sido, em anos recentes, o mês de maiores embarques do Brasil, segundo dados históricos da Secex analisados pela Reuters.

"Ainda vamos ter três meses de bons embarques, até porque normalmente seria o período de maiores exportações", lembrou Hopp Júnior.

Neste período, segundo ele, será possível "auditar" o tamanho da safra brasileira em 2014 --da qual as estimativas do mercado e de produtores variaram bastante-, cruzando-se o volume embarcado e os estoques mantidos no país, antes do início da colheita de 2015.

Para Carvalhaes, a safra do próximo ano ainda é muito incerta, após vários meses de déficit hídrico nas lavouras em 2014. "Essa geração nunca enfrentou uma seca como essa. Todos esperam chegar janeiro, para ver o que vai acontecer", disse. 

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