Única espécie bovina 100% brasileira, a criação de Tabapuã tem crescido no Brasil. Zebuíno como o Nelore, a espécie foi batizada em homenagem à cidade de Tabapuã – no interior de São Paulo - para onde foi levado o garrote, de Planaltina de Goiás, que deu origem à raça, em 1978. Hoje, a espécie representa 2% de todo o rebanho nacional, calculado em 200 milhões de animais.
Em Goiás, a estimativa é de que existam cerca de 30 mil cabeças de gado da espécie. Segundo o presidente da Associação Goiana de Tabapuã (AGT), Silvestre Almeida, o Estado está crescendo na criação destes bovinos e já pode ser considerado de igual para igual com as localidades pioneiras. "Hoje, Goiás é o maior em registros da espécie, em número de criadores e em valores de leilões. Na associação, por exemplo, já contamos com 50 filiados", expõe.
De acordo com o zootecnista Renato Candido Mendonça, o diferencial do Tabapuã para os outros animais é a precocidade e a possibilidade de rápido retorno financeiro para o criador. O especialista explica que os animais se adaptam às características climáticas do ambiente e apresentam habilidade materna superior, ou seja, produzem grandes quantidades de leite para a cria, o que proporciona o desenvolvimento mais acelerado do bezerro e o desmame em menor tempo.
"Cada fêmea produz de 10 a 15 litros por ordenha. O bezerro da raça desmama com 20, e até 30, quilos mais pesado que os de outras raças e tem maior precocidade sexual também", acrescenta o presidente da AGT. Conforme o zootecnista, o Tabapuã está se popularizando rapidamente por suprir os principais interesses dos criadores: altos padrões genéticos para reprodução e crescimento acelerado para o rebanho de corte.
Características
Embora "parentes próximos" - como diz Renato Mendonça -, o Tabapuã apresenta algumas características físicas e comportamentais do Nelore. O zootecnista comenta que a espécie brasileira é extremamente dócil, tanto para o trato cotidiano quanto para exposições e disputas. Renato destaca que o Nerole não pode ser considerado um animal bravo, mas costuma ser mais ríspido. "O Tabapuã é muito manso e quase não apresenta riscos para os tratadores. Eles costumam fazer sucesso entre as crianças em exposições como a Pecuária."
Outra característica marcante do Tabapuã é a profundidade torácica. Renato diz o tamanho das costelas destes animais é maior que no Nerole, isso faz com que desenvolvam a musculatura mais rápido e com maior intensidade. "Enquanto o Nerole tem o corpo mais comprido, o Tabapuã pode ser considerado mais compacto."
O Tabapuã também é caracteristicamente mocho, ou seja, sem chifres. Conforme Silvestre Almeida, isso causa menores transtornos para os criadores, em especial se o rebanho for criado em confinamento. O presidente da AGT acrescenta que a genética da espécie é tão forte que – quando cruzados com animais de outras espécies – 90% das crias nascem sem mochas e outros 10% apresentam chifres atrofiados.
Preços
De acordo com o zootecnista Renato, não é possível dizer qual raça é mais rentável financeiramente, se Nerole ou Tabapuã. Ele comenta que os animais apresentam particularidades que dividem o mercado. Com relação ao preço, por exemplo, não existem muitas diferenças. Renato acredita que é possível que o Tabapuã – numa análise geral – saia mais caro por ser uma espécie com poucos criadores ainda. "Como foi registrada nos anos 70, esses animais estão no mercado a menos de 40 anos. Embora a demanda esteja aumentando no Brasil todo, os preços seguem a lei da oferta e da procura", avalia.
Renato ressalta que o Tabapuã tem uma carga genética diferenciada e isso atrai investidores. Segundo ele, por ser um animal de elite, o sêmen do animal é bastante visado, principalmente pelos criadores de Nerole. "O cruzamento das duas espécies resulta em crias muito boas do ponto de vista genético e com valor comercial elevado."
Pecuária
O Tabapuã é uma das espécies em destaque na 67ª Exposição Agropecuária de Goiânia. Conforme o presidente da AGT, Silvestre Almeida, criadores de oito Estados – Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins participaram da feira este ano. Realizado no sábado (19), o leilão da espécie vendeu 87 animais de pasto. "Cada um foi leiloado a R$ 8.760, o que totaliza cerca de R$ 600 mil. Foi o maior leilão de Tabapuã, no Brasil, até hoje", completa o presidente.
Segundo o coordenador da Comissão de Bovinos da Sociedade Goiana de Agropecuária e Agricultura (SGPA), Fábio Costa, nessas disputas todos os animais precisam ser registrados. Ele comenta que as avaliações por categorias costumam ser decididas por pequenos detalhes, em especial no que diz respeito à aparência do animal. "Os compradores estão interessados nas características físicas do bicho e do potencial genético que ele pode ter. Esses dois itens costumam ser complementares e a aparência do animal é determinante."
Fonte
Tags:
© 2025 Criado por Soc. Mineira de Eng. Agrônomos.
Ativado por