Ministro diz estar próximo a Dilma, mas evita falar se ficará na pasta
Patrícia Comunello
O ministro da Agricultura, Neri Geller, disse ontem em Porto Alegre que sua pasta está abrindo mercados no Exterior, rebatendo cobranças da agroindústria de aves que prega mais acordos bilaterais para vender produtos. Geller fez a abertura do IV Congresso Sulbrasileiro de Avicultura, Suinocultura e Laticínios (Avisulat), que vai até amanhã na Federação das Indústrias do Estado (Fiergs). De malas prontas para um roteiro pela China e Emirados Árabes, o titular do Mapa listou a habilitação de plantas industriais para exportação de frangos, fim do embargo à carne bovina no Irã e Egito e reabertura de compras pelo mercado chinês.
O presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, que estava na mesa próximo a Geller na largada da Avisulat, apontou, na semana passada, na Capital, que o País precisava ampliar tratativas diretamente com mercados, além do caminho pelo Mercosul. “Estamos muito alinhados, minhas ações são pautadas pelo setor, e fazemos um trabalho forte para a avicultura”, afirmou o ministro, que teve a permanência à frente do Mapa no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff pelo mesmo Turra.
Ontem, Geller deu a entender que seu passe pode estar garantido. “Estou muito tranquilo, mas sei que tem composições políticas. Estou muito próximo da presidente Dilma e bem alinhado com meu partido, o PMDB”, enumerou o titular do Mapa, que listou como três pilares mais importantes na condução das ações da pasta a política agrícola, a melhoria da logística e a abertura de mais mercados externos. “Pessoal, se tem uma coisa que aprendi com meu pai é: ‘calma, não dê um passo maior que a sua perna alcança’.”
Sobre apoios do setor primário e de agroindústrias à sua permanência, Geller atribuiu à confiança que angariou desde que entrou no posto, em março de 2014, depois de ocupar a Secretaria de Política Agrícola. “Não estou aqui dizendo que vou ficar ou que não vou ficar. Deixa as coisas acontecerem”, preveniu o titular do Mapa, que projetou medidas ao setor do trigo devido à colheita menor após as chuvas, a serem discutidas na próxima semana. Outra intenção é reforçar o quadro de técnicos do ministério, buscando novo concurso para 2015. Em 2014, Geller disse que mais de 700 foram incorporados no País.
Do setor produtivo, o titular da pasta cobrou maiores saques de linhas para inovação tecnológica que atende pequenos e médios produtores. “O programa anda, mas em ritmo muito lento. O ministro também citou que a legislação trabalhista virou entrave ao desenvolvimento e explicou que a queixa abrange alguns aspectos como limitação de horas extras por turno. “A colheita não espera.”
Dirigentes das entidades que participam do Avisulat pediram mais oferta de crédito e melhoria em infraestrutura e logística. O presidente do Fundo Estadual de Sanidade Animal (Fundesa), Rogério Kerber, propôs a nacionalização da iniciativa e citou que a implantação do corredor sanitário na BR-101 e melhorias em postos fiscais ampliaram mercados aos produtos locais. O transporte de mercadorias de origem animal pela BR-101 reduziu em R$ 500,00 cada frete, citou o secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Cláudio Fioreze, reforçando que um Fundesa nacional seria um grande avanço para atacar questões de sanidade.
Fioreze lembrou que o corredor da BR-101 ajudou a reduzir em R$ 500,00 o custo de frete para levar produtos gaúchos a outros estados, como São Paulo e Minas Gerais. Na área da sanidade, o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (Sips), José Roberto Goulart, apontou que o status gaúcho de zona livre de febre aftosa com vacinação é um gargalo à abertura de novos mercados mais estáveis, hoje abastecidos exclusivamente por Santa Catarina, que é livre da doença sem vacinação, único neste status no País.
“A mudança de status é ponto-chave para acessar Japão, Coreia ou México”, indicou Goulart. Fioreze considera ainda cedo para a alteração pela condição de fronteira. “Somos um colchão de proteção ao resto do Brasil. A retirada deve ser uma decisão madura de produtores, indústria e área técnica”, condicionou o secretário. Não há registro de focos da aftosa (que só afeta o rebanho bovino) no Estado há 14 anos.
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