Alvo de reclamação recorrente entre pecuaristas de todo o País, os custos da atividade pesaram no bolso do produtor no primeiro semestre mais do que durante todo o ano de 2012



Alvo de reclamação recorrente entre pecuaristas de todo o País, os custos da atividade pesaram no bolso do produtor no primeiro semestre mais do que durante todo o ano de 2012, período no qual a disparada das commodities como Milho e Soja teve forte influência sobre o aumento dos custos com Ração. Por outro lado, a alta dos preços do boi pronto para o abate, que se recuperam de quedas ocorridas nos últimos dois anos, indicam que a crise no setor não está tão aguda como no ano passado. 

De janeiro a junho, os custos da atividade pecuária subiram 4,52%. O valor não é apenas maior que o do mesmo período do ano passado (2,94%), como supera a alta de todo o ano de 2012, quando os custos subiram 4,36%. Os números foram divulgados na semana passada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 

Mas, diferentemente de 2012, o valor que o pecuarista recebeu pelo boi ao longo do último semestre também subiu. A valorização foi de 2,81%, enquanto no mesmo período do ano passado o boi se desvalorizou em 8,8%. 

Um dos principais vilões dos custos da atividade foi a própria criação bovina. Para os pecuaristas que compram bezerro e boi magro no mercado de reposição para realizar a engorda, o pagamento pelos animais subiu 12% no semestre. O que ocorreu no mercado de reposição se espelhou no mercado de boi gordo: as chuvas mais abundantes no segundo trimestre deram uma sobrevida aos pastos. Isso permitiu que os bovinocultores vendessem seus animais aos poucos, sustentando um preço alto. "Teve chuva até abril, época em que os confinamentos estão atrás de bezerro e o boi magro. Como o pecuarista tem pasto, oferta mais boi se a seca danifica o pasto rápido. Senão, segura o animal e sobem os preços. Quando acabaram as chuvas, estes valores se estabilizaram", afirma Daniel Dedoya, analista do Cepea. Apenas no segundo trimestre os preços de reposição subiram 38,3%. 

A suplementação mineral também pesou no bolso dos pecuaristas. Entre abril e junho, os custos subiram 11,54%. Dedoya explica que a alta é um movimento de reajuste do setor de alimentação que não havia ocorrido em 2012, quando a crise no setor travou repasses de preços. Neste ano, com a valorização dos animais, a cadeia pode realizar reajustes. 

Outro gasto que subiu foi com a mão de obra. Apenas no segundo trimestre, os custos trabalhistas subiram 14,38% e fecharam o semestre com alta de 9%. 

Para o analista, essa alta nos custos só é possível porque os preços pagos ao produtor também estão em alta, estimulados principalmente pelo maior volume de carne exportada. "O aumento do valor da arroba e de custos estão bem relacionados. Pode-se esperar para este ano que aumente a margem, mas é incerto". Com a desvalorização cambial, a perspectiva, diz Dedoya, é que aumentem as exportações e o preço da arroba. 

Dificuldade de tecnificação 

O analista do Cepea afirma que a saída para o pecuarista é investir em tecnificação e confinamento, para evitar oscilações provocadas por clima ou influências externas. 

Guilherme Nolasco, que cria um rebanho de 1,5 mil cabeças de boi da Chapada dos Guimarães (MT) de forma extensiva, diz que já confinou em anos anteriores, mas decidiu criar o gado no pasto neste ano porque no início do ano não havia perspectiva de valorização do preço da arroba nem de queda do preço do Milho. 

"A margem foi achatada, estamos trabalhando no vermelho. Temos os custos aumentados e a receita diminuída, está ficando impraticável." 

Em Cuiabá, Zacarias Schneider optou pelo semiconfinamento de 4,5 mil cabeças. "Ter confinamento exige investimento alto no início em Infraestrutura e maquinários, achamos que não vale a pena."

Fonte

CNA-SENAR

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