Os três maiores frigoríficos do país - JBSMarfrig e Minerva - deram um importante passo, no dia 1º de abril de 2014, para aumentar a transparência na produção de carne no Brasil. Pela primeira vez, as gigantes do setor tornaram públicos seus esforços para eliminar o desmatamento de suas cadeias de fornecimento e divulgaram, em suas respectivas páginas na internet, os resultados das auditorias de seus sistemas de controle para compra de gado proveniente da Amazônia.

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Acesse os relatórios apresentados pelos frigoríficos (clique nos títulos para acessar): Marfrig GroupMinerva Foods; e, JBS-Brasil.

As auditorias são parte crucial desse processo, uma vez que avaliam, sob critérios comuns, o sistema de bloqueio de fornecedores que estão em desacordo com as exigências do Compromisso Público assumido pelas empresas em outubro de 2009. Pelo chamado Acordo de Gado, os frigoríficos se comprometem a não comprar carne de fazendas que desmataram a floresta Amazônica a partir desta data, que usam mão de obra análoga à escrava ou que estão dentro de Terras Indígenas ou Unidades de Conservação.

"Ao implementarem mecanismos de controle do desmatamento para fazendas fornecedoras localizadas na Amazônia, os frigoríficos assumem sua responsabilidade em deixar concretamente de comprar carne de quem destrói as florestas", diz Adriana Charoux, ativista do Greenpeace. "E ao tornar essas informações públicas, essas empresas dão um passo importante para aumentar a transparência e dar maior controle social à cadeia produtiva da carne", completou.

Os relatórios compartilhados com o público baseiam-se em um Termo de Referência único para as três empresas, dando a auditores externos total acesso aos seus registros de compra. O Termo também requer uma amostra considerável para exemplificação. O novo protocolo padroniza o processo, facilitando a análise dos resultados por qualquer pessoa interessada.

Segundo as empresas de auditorias, BDO e DNV, os três frigoríficos apresentaram sistemas eficazes de bloqueio de fornecedores que não cumprem os critérios do acordo. JBSMarfrig e Minerva registraram baixo nível de não-conformidade - menos de 1% em todos os critérios.

"A eficácia dos sistemas de controle internos adotados pelos três frigoríficos só foi possível porque as empresas conseguiram um elevado percentual de fazendas fornecedoras georeferenciadas", explica Adriana. "Isso evidencia a necessidade do governo federal acelerar a implementação do SICAR (Sistema Nacional do Cadastro Ambiental Rural), dando escala ao monitoramento efetivo das dinâmicas do desmatamento em todas as cadeias produtivas operando na Amazônia, sejam elas grandes ou pequenas. O combate ao desmatamento não pode depender apenas da boa vontade de empresas. Deve ser uma política pública promovida por todos os níveis do governo", completou.

Para o Greenpeace, esse esforço passa necessariamente pela plena implementação do SICAR nos moldes em que foi concebido -- "cadastro por imóvel rural" (que compreende toda a área da propriedade) e não "cadastro para cada matrícula do imóvel", como querem alguns produtores, com o apoio do Ministério da Agricultura. Com essa manobra, grandes latifundiários poderiam ser beneficiados por exceções reservadas apenas aos pequenos proprietários, de acordo com o novo Código Florestal.

"Os gigantes da pecuária assumiram sua responsabilidade para tirar o desmatamento de sua cadeia produtiva. Agora é preciso que outros frigoríficos, compradores diretos e grandes redes de supermercados se juntem ao compromisso público de gado. O governo também precisa fazer sua parte, acelerando a implementação do cadastro das propriedades (CAR), com coragem, e sem sucumbir à pressão dos grandes que, mais uma vez, querem manobrar e levar a melhor -- sobre os pequenos e sobre todos os brasileiros", conclui Adriana.

Veja os principais pontos de atenção das auditorias publicadas pelos frigoríficos (JBSMarfrig e Minerva)*, destacados peloGreenpeace:
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FONTE

Greenpeace

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