Mediante o estabelecimento em contrato de participação nos lucros do suco com a indústria compradora, alguns produtores de laranja podem ver horizonte mais favorável para o setor. Isso porque os estoques da bebida seguem em movimento de baixa, o que sugere alta de preço para a fruta.Ao DCI, o diretor executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, conta que as indústrias atravessaram a temporada de 2014/2015 com 534 mil toneladas de suco em estoque. Nesta safra, o volume caiu para 510 mil toneladas. Para o próximo ciclo, estima-se que as reservas baixem ainda mais, para 329 mil toneladas.
No mercado global, a situação não é diferente. Análise de um recente relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica que em função da diminuição no volume de frutas processadas no Brasil, México e Estados Unidos, o consumo deve exceder a produção e os estoques cairão pelo terceiro ano consecutivo , diz o documento.
O presidente da Câmara Setorial da Citricultura, Marco Antônio dos Santos, diz que 100% da produção da safra 2015/ 2016 destinada à indústria já foi comercializada por meio de contratos, um volume entre 230 e 240 milhões de caixas de 40,8 quilos. Para a demanda interna permaneceram entre 30 e 40 milhões.
Projeções não oficiais indicam que o consumo doméstico fique entre cerca de 40 e 50 milhões de caixas. Agora a expectativa é que não sobre fruta e que os preços fiquem melhores do que o ano passado , explica a analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Fernanda Palmieri.
Em linhas gerais, a relação entre oferta e demanda dá espaço para que os preços subam internamente. Lá fora, a questão dos estoques globais seguirem em queda também fortalece o indicador do suco de laranja.
Na lavoura, porém, paira a preocupação de que um eventual movimento de alta no suco não seja repassado aos produtores pela indústria. Os citricultores não vão se beneficiar destes fundamentos de mercado. A indústria pode se apropriar deste possível adicional de preço , afirma o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas.
Netto, da CitrusBR, esclarece que o que estiver estabelecido em contrato será, de fato, repassado em uma eventual alta de preços do suco. Porém, há contratos em que esta hipótese não está prevista entre as partes. Para o produtor que vender por spot , ou seja, direto na porta da indústria, o pagamento vai de acordo com o preço vigente na data.