Os produtores de milho branco do município de Quadra (SP) já começam a sentir as consequências da estiagem e das altas temperaturas do verão de 2014. A colheita só começa no mês de março, mas já é possível calcular os prejuízos: em algumas propriedades as perdas chegam a 70%.
De acordo com o secretário de agricultura, Cláudio Amâncio Pereira Tavares, o município de pouco mais de três mil habitantes tem na agricultura sua vocação econômica. São mais de 50 agricultores que cultivam milho branco e amarelo e uma produção de mais de 16 mil toneladas por ano. Mas nesta safra devem ser colhidas, no máximo, 6 mil toneladas. “Essa seca veio num período de verão, que é o período de cultivo normal da safra de milho e de soja, então ela prejudicou bastante“, afirma.
O produtor rural Elias Gonzaga Coelho tem uma plantação de 60 hectares de milho branco. Segundo ele, o pé cresceu menos da metade do que deveria, e as espigas também. Em algumas só os grãos não conseguiram se desenvolver. O produtor acredita que a perda deve chegar a 70%. “Prejudicou bastante a produção. Não só eu, tem muitos produtores, muita área plantada“, explica.
Na propriedade do agricultor Ezequias Machado Pereira todo o milho produzido é utilizado para fazer canjica. O produto é vendido para todo o país e para exportação. Todos os anos são comercializadas aproximadamente 100 mil sacas, número bastante superior a deste ano: aproximadamente 40 mil. Além disso, a qualidade dos grãos está pior. “Deu mais miúdo, ele não deu um milho mais graúdo, então a gente perde um pouquinho na qualidade também. Se o mercado pedir mais canjica a gente não vai ter este ano para servir. Com certeza não conseguiremos exportar este ano, por conta do consumo já do Brasil“, lamenta.
A Secretaria de Agricultura afirma que está foi a pior seca dos últimos 50 anos no município. A maioria dos produtores não tem seguro e vai ter que arcar com os prejuízos. Alguns pensam já na possibilidade de acionar o seguro para a próxima safra. “A renda do município é essencialmente agropecuária. Então se não tiver produção não tem renda, e isso afeta o comercio local também“, completa Tavares.