• A região do baixo sul responde por 72% da produção mundial de guaraná, com 3,2 mil toneladas por ano

A consolidação do agronegócio como uma das mais importantes atividades econômicas do Brasil e na Bahia sofre a ameaça constante de pragas na forma de micro-organismos e insetos.

Uma lista publicada no ano passado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) atualizou a relação de pragas no país.

Com base nessa lista, são aplicadas medidas de controle de plantas e de seus produtos para que as pragas não cheguem ou, no caso de já estarem presentes, para evitar a sua proliferação.

Maior produtor mundial de guaraná, a Bahia desenvolve ações para evitar que a chegada do superbrotamento do guaranazeiro, doença já presente na Amazônia.

"O baixo sul produz em média 3.200 toneladas de guaraná anualmente, cerca de 72% do que é produzido mundialmente. Os estados da região norte produzem em média 1.200 toneladas por ano", explicou o secretário-executivo da Câmara Setorial do Guaraná, Gerval Teófilo.

O município de Taperoá, a 277 km de Salvador, é o maior produtor do estado, com uma área plantada de 1.800 hectares e produção em torno de 800 toneladas ao ano. Também são grandes produtores Valença, Nilo Peçanha, Igrapiúna, Ituberá, Camamu, Piraí do Norte, Gandu, Teolândia, W. Guimarães, Tancredo Neves, Maraú e Una.

Controle

Após serem identificados e controlados sinais iniciais da doença em duas propriedades rurais de Taperoá, foi decidida pela Câmara do Guaraná a vinda, entre os dias 10 e 15 de agosto, de três pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental.

O grupo é formado por Firmino José do Nascimento Filho, André Luiz Atroch e Lúcio Pereira Santos, respectivamente doutores em genética, fitopatologia e manejo.

No final da década de noventa, a Embrapa criou um programa de melhoramento genético do guaranazeiro na Amazônia, tendo como líder do projeto o pesquisador Firmino José Nascimento Filho, então coordenador do Centro de Pesquisas Agroflorestal da Amazônia.

Além de algumas estações de estudos do guaraná criadas e mantidas na região, a Embrapa ampliou este estudo para Ituberá, na Bahia, onde usou uma fazenda como estação de estudo.

O objetivo da vinda do grupo é capacitar técnicos da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculadas à Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e cooperativas da região, para combater e erradicar a doença no caso de surgimento no estado.

Lagarta

A engenheira agrônoma e fiscal estadual agropecuária Suely Xavier de Brito Silva, da Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), explica que a Bahia vive a situação de ameaças e de pragas já instaladas.

As culturas de soja, algodão e feijão do oeste da Bahia sentem desde a safra 2012-2013 a agressividade da ação da Helicoverpa armigera, mariposa de origem asiática que causou R$ 2 bilhões em prejuízos naquele período. Para a safra 2013-2014, a projeção já chega a R$ 1,5 bilhão.

Entretanto, já se verificam mudanças positivas do procedimento dos produtores com o manejo integrado de pragas, salienta Suely Xavier. Um dos mais eficiente é a criação de vazios sanitários, com período de 40 a 45 dias sem cultivo em áreas, para que as lagartas morram de fome.

Fungo é o mesmo agente da vassoura-de-bruxa

Mesmo não tendo presença registrada no Brasil, a miniliase é uma das pragas que mais preocupam a defesa agropecuária. Ela é causada pelo fungo Moniliophthora roreri, o mesmo agente da vassoura-de-bruxa (Moniliophtora perniciosa Stahel).

A engenheira agrônoma e fiscal estadual de agropecuária Catarina de Mattos Soluto explica que o fungo ataca os frutos de cacau e de cupuaçu, impossibilitando o consumo dos mesmos.

A doença pode ser identificada no fruto por manchas esverdeadas, amareladas ou necróticas. O principal sintoma é a formação de espessa massa de coloração branca que se desprende, como talco, quando tocado. 

A doença origem em países do noroeste da América Latina e também da América Central. Registrada pela primeira vez no Equador, disseminou-se para Bolívia, Colômbia e Venezuela, causando perdas econômicas entre 50% e 100%, chegando até o sul do Peru.

Cítricos

Praga ausente na Bahia e também de origem asiática, a Huanglongbing (HLB) ou grenning é transmitida por mudas ou pelo inseto Diaflorina citri.

A doença já foi registrada em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, sendo proibida entrada de material oriundo destes estados na Bahia.

Segundo a engenheira agrônoma Suely Xavier,  o HLB deixa as folhas amareladas e podem ser observadas manchas irregulares. Devido à malformação nos frutos, é preciso erradicar a árvore para não contaminar o pomar.

A melhor forma de combate é a mudança no sistema de produção de mudas, que deve ser feito em ambiente selado, segundo legislação de janeiro deste ano, diz a pesquisadora.

Fonte

Uol

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