A recessão técnica se configura por ter sido a segunda queda consecutiva do indicador, que já havia recuado 0,7% nos primeiros três meses do ano, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. E é o pior resultado para um segundo trimestre de toda a série histórica do IBGE, iniciada em 1996.
O resultado foi ainda pior que o esperado pelo mercado. A previsão da agência internacional Bloomberg, por exemplo, era de retração de 1,7% no PIB do segundo trimestre. Foram os piores resultados desde os primeiros três meses de 2009 tanto na comparação trimestral como na anual. Nos primeiros seis meses de 2015, a retração acumulada da economia brasileira foi de 2,1%. O Produto Interno Bruto do segundo trimestre de 2015 ficou 2,6% abaixo do que foi registrado no mesmo período do ano passado.
O resultado do PIB foi divulgado em meio a um cenário de inflação elevada, desemprego ascendente e uma crise política que mina a governabilidade e deixa a classe empresarial em suspense.
Segundo a pesquisa Focus, do Banco Central (BC), que consulta semanalmente dezenas de economistas, a projeção é de que o PIB encolherá 2,06% neste ano e 0,24% em 2016. Se confirmado o resultado neste ano, será o pior do país desde 1990, quando a economia teve uma queda de 4,35%.
Alta só no consumo do governo
No lado da oferta, a indústria teve retração de 4,3% no segundo trimestre, na comparação com os três meses anteriores. O resultado é sintomático sobretudo porque, na avaliação do PIB, a indústria engloba o setor manufatureiro e extrativo, a construção civil, além da produção e distribuição de energia e gás.
A retração da indústria foi mais intensa na construção civil, que apresentou desempenho 8,4% menor que no primeiro trimestre. A indústria da transformação teve queda de 3,7%. A agropecuária teve recuo de 2,7%.
O consumo do governo cresceu 0,7% em relação aos três primeiros meses do ano – a expectativa era de recuo de 0,1%. Segundo o IBGE, os gastos com materiais e serviços (papel, luz, telecomunicações) caiu, mas as despesas com salários e benefícios teve alta. Já em comparação com o segundo trimestre de 2014, os gastos do governo recuaram 1,1%.
No setor de serviços – que recuou 0,7% – o comércio caiu 3,3%, os serviços de transporte, armazenagem e correio recuaram 2%, e os de informação, 1,3%. Os serviços de administração, saúde e educação pública tiveram a maior alta, de 1,9%.
As exportações de bens e serviços subiram 3,4% no segundo trimestre, em relação aos três primeiros meses do ano, e as importações caíram 8,8%. A despesa de consumo das famílias caiu 2,1% na mesma comparação. A formação bruta de capital fixo – ou seja, o investimento que as empresas fazem em máquinas, equipamentos e material de construção – encolheu 8,1%.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o setor agropecuário foi o único a apresentar alta, de 1,8%. Frente ao trimestre imediatamente anterior, houve recuo de 2,7%.
FONTE
Jornal Agrosoft