Nayara Figueiredo

Após três meses consecutivos em alta, a inflação agropecuária no atacado teve recuo de 3,6% em junho, pressionada por fatores distintos

Após três meses consecutivos em alta, a inflação agropecuária no atacado teve recuo de 3,6% em junho, pressionada por fatores distintos. Representantes do setor avaliam que é cedo para apostar em um movimento de baixa, a ponto de afetar o produtor, mas especialistas já trabalham com a possibilidade de deflação no grupo Alimentação do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) até o final do mês. 


Estabilização de estoques no mercado externo, aumento da oferta, diminuição na demanda e sazonalidade são algumas das razões para o resultado, medido através do Índice de Preços por Atacado com origem de produção agropecuária (IPA Agro), pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O indicador faz parte do Índice Geral de Preços balizado para dez dias úteis no mês (IGP-10), divulgado ontem (16). 

"Essas oscilações não nos preocupam muito, é um movimento esperado. À medida que novas safras vão entrando, todas aquelas culturas prejudicadas no início do ano por problemas climáticos apresentam recuo nos preços. Daqui para frente pode haver reduções, mas acredito em um equilíbrio nos valores", avalia o chefe do departamento econômico da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), Cláudio Brisolara. 

O economista da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), Flávio Godas, confirma a queda nos preços como um fator sazonal. 

"Normalmente, os produtos sobem no primeiro trimestre e caem no segundo. As condições climáticas em que estamos, com temperatura amena, é positiva para a produção e a demanda nas hortaliças e legumes, por exemplo, recua. Acredito até que os preços devam seguir em queda, a menos que haja algum evento de clima irregular, como fortes geadas", comenta. 

O desempenho dos valores nos próximos meses também vai depender da safra norte-americana. "Os estoques internacionais estão estabelecidos e a oferta vem crescendo, mesmo que devagar. Para o produtor brasileiro, essa baixa não é positiva pois pode levar à redução nos níveis de plantio e o consumidor só sentirá os reflexos no final da safra, mas tudo isso vai depender dos resultados do hemisfério norte, que sempre recaem aqui", diz a economista da FGV, especialista em agronegócios, Ignês Vidigal. 

Produtos 

Para o economista da FGV, Salomão Quadros, alguns produtos mais que devolveram altas anteriores. A batata-inglesa ficou 31,37% mais barata no atacado e já acumula queda de 15,99% no ano. Por outro lado, o tomate, a despeito do recuo de 9,13% em junho, ainda sobe 21,80% no ano. 

Nas matérias-primas brutas agropecuárias, a recuperação é parcial. "A devolução nos preços é mais demorada. Em alguns casos, só no ano que vem, com nova safra", diz Quadros. O milho, apesar de cair 7,92% em junho, ainda sobe 12,19% no ano. "Agora, se vê que as perdas não foram tão grandes, mas ainda assim houve quebra", completa. 

Na leitura mensal, são os produtos de origem animal que comandam desaceleração. Leite in natura, suínos e aves desaceleram. Os bovinos ficaram 0,91% mais baratos em junho, mas registram aumento de 12,11% na avaliação anual. 

O pesquisador que coordena o IPC-S, Paulo Picchetti, não descarta a possibilidade de uma deflação para o grupo Alimentação no fechamento de junho. 

Este fator deve colaborar com a desaceleração dos índices inflacionários no País.

Fonte

CNA-SENAR

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