O agronegócio tem se destacado em meio ao marasmo da economia brasileira, a despeito dos muitos obstáculos impostos pela desqualificação da mão de obra e pela carência de Infraestrutura para escoar a produção. De acordo com números da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a produtividade por trabalhador do setor cresceu impressionantes 142% entre 2001 e 2011. No entanto, parece claro a esta altura que a continuidade desse sucesso depende da formulação de políticas públicas ousadas, que removam esses obstáculos sem mais demora.
Para auxiliar o governo nessa tarefa, a CNA criou uma forma de mensurar a competitividade do setor em cada Estado do País. O Índice de Competitividade do agronegócio (ICA) agrega seis indicadores: Infraestrutura, educação, saúde, ambiente macroeconômico, inovação e mercado de trabalho.
A entidade entende que esses fatores não englobam todas as variáveis que interferem na produtividade, pois seria preciso levar em conta igualmente questões como segurança, problemas familiares e satisfação pessoal. No entanto, a CNA considera que os critérios por ela adotados criam um "perfil confiável" do potencial produtivo em cada Estado, criando um "ranking" revelador sobre o quanto os persistentes problemas estruturais do País interferem no avanço do agronegócio.
São Paulo lidera a lista, com um ICA de 0,752 - o indicador varia de 0 (menos competitivo) a 1 (mais competitivo). É o Estado que tem a melhor infraestru-tura e o melhor ambiente macroeconômico do País. Já o último colocado é o Amapá, com 0,207, com mau desempenho em quase todos os fatores.
É importante notar que não se trata de uma comparação quantitativa entre um Estado e outro, isto é, não é possível dizer que a competitividade de São Paulo seja três vezes a do Amapá. O ranking se presta a observar as diferenças qualitativas nos Estados - e São Paulo está muito à frente dos demais, por exemplo, em infraestrutu-ra, principalmente pela qualidade de suas estradas e pela movimentação do Porto de Santos.
Um dos aspectos mais relevantes do estudo é a constatação de que Estados com enorme produtividade Agrícola sofrem as consequências da penúria estrutural. É o caso, por exemplo, de Mato Grosso, que é o maior produtor de Soja do País e que, no entanto, aparece num distante 10.° lugar no ranking, com ICA de 0,425. "Mato Grosso ocupou o primeiro lugar na produtividade Agrícola e o segundo em ambiente macroeconômico, mas perde competitividade à medida que a produção é escoada para fora do Estado", explicou Marcelo Ávila, coordenador da pesquisa.
No ranking de Infraestrutura, Mato Grosso aparece em 24.° lugar entre as 27 unidades da Federação, com 0,105. Dentro desse indicador, o Estado vai mal em qualidade das Rodovias (23.° lugar, com índice 0,290) e em densidade Ferroviária (índice zero, junto com outros seis Estados). Em compensação, a produtividade por trabalhador de Mato Grosso alcançou ICA de 1, o nível mais alto, bem à frente de São Paulo, que obteve ICA de 0,523.
Em relação à educação, que leva em conta a aprovação e a evasão de alunos em escolas Rurais, a liderança coube a Santa Catarina, São Paulo e Paraná. Já no quesito saúde, o líder do ranking é o Distrito Federal - mas, de novo, os demais Estados bem colocados são do Sul e do Sudeste.
O mesmo acontece quando se mede a inovação, que leva em conta investimentos em bolsas de estudo e em pesquisa, além de obtenção de patentes. O Distrito Federal aparece na frente, mas o relatório ressalva que isso só acontece porque a população dessa unidade é muito pequena, o que gera maior volume de investimentos per capita. A seguir aparecem Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Em todos os indicadores analisados, os Estados do Norte e do Nordeste surgem abaixo dos demais. Portanto, o indicador criado pela CNA mostra que, além de investir em Infraestrutura de um modo geral, o governo deve direcionar esforços para reduzir a evidente desvantagem desses Estados menos competitivos.
Fonte
CNA-SENAR
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