Brasil quer avanço na área agrícola para acordo de liberalização comercial na OMC

Assis Moreira

Roberto Azevêdo: soluções não multilaterais não são do "interesse de todos nós, não são do interesse do mundo"

Um acordo para desbloquear as negociações para liberalização do comércio internacional, durante a conferência ministerial de Bali (Indonésia) em dezembro, precisa apresentar algum avanço na parte agrícola, na avaliação do governo brasileiro. O recado foi dado pelo ministro das Relações Exteriores, Luiz Figueiredo, ao discursar ontem na Organização Mundial de Comércio (OMC).

"Não devemos esquecer que Doha é sobre desenvolvimento, e desenvolvimento é inextricavelmente ligado a progressos na área agrícola, disse o ministro, diante de representantes de 159 países. A manifestação brasileira é claramente dirigida aos países desenvolvidos, que estão colocando ênfase em medidas para facilitação de comércio, ou seja, redução de burocracia nas alfândegas, resistindo a compromissos na área agrícola.

Além do discurso, Figueiredo leu mensagem de Dilma Rousseff, dirigida ao novo diretor-geral da OMC, o embaixador brasileiro Roberto Azevêdo. "O desafio de colocar as negociações de volta e revigorar a OMC é importante. Você pode contar com o forte comprometimento do Brasil para a OMC e para o multilateralismo como instrumento essencial para promover prosperidade e desenvolvimento para todas as nações, afirmou a presidente na mensagem.

Para Dilma, a OMC deve dar um novo e vigoroso reforço ao comércio mundial nos próximos, para permitir que a economia global entre "num novo período de crescimento com justiça social". O diretor-geral da entidade elogiou a mensagem da presidente. "Eu detecto o compromisso do Brasil com o sistema multilateral e as negociações globais. E isso é muito importante, vindo de um comprometimento explicito", afirmou.

Azevêdo aproveitou para fazer um alerta aos países-membros para o fato de que "o mundo não vai esperar pela OMC indefinidamente". O diretor-geral colocou pressão sobre os negociadores, dizendo que os países devem estar comprometidos com um pacote de liberalização antes mesmo de pegar o avião em direção a Bali.

"Flexibilidade deve ser chave nas negociações", disse Azevêdo. Lembrou que vários países já começaram a olhar em direção a outras soluções, não multilaterais, em referência a tentativas de acordos regionais e bilaterais. "Isso não é do interesse de todos nós aqui, e não é do interesse do mundo."

Segundo Azevêdo, o comércio mundial deve crescer apenas 2,5% neste ano, em vez dos 3,3% estimados em abril, por causa principalmente da persistente fragilidade da União Europeia (UE). O Valor PRO revelou a nova estimativa sexta-feira. Para Azevêdo, os economistas esperavam melhora nas exportações no segundo trimestre na UE, o que não ocorreu. No terceiro trimestre, a expectativa é de melhora, mas não a ponto de evitar a revisão feita.

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CNA-SENAR

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