Flávia Maria Sarto

Nos últimos anos, o agronegócio brasileiro vem dando um banho de competência



Nos últimos anos, o agronegócio brasileiro vem dando um banho de competência. Safra após safra, ampliamos nossa produção em mais de 100% desde o ano 2000, quando colhemos 83 milhões de toneladas, valor bem inferior aos 185 milhões de toneladas deste ano, segundo nova avaliação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Mas o bom desempenho no campo não se refletiu na logística de escoamento da produção. Filas de embarque de grãos nos portos brasileiros ainda devem continuar por um bom tempo; o frete, segundo levantamento da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), registrou aumento de 30% nesta safra, reduzindo as margens de lucros dos produtores. Enfim, um festival de disparates que revelam os gargalos por que passam a nossa produção agrícola. 

Já é consenso entre os players do setor a necessidade urgente de mudanças. Se conseguimos garantir o financiamento da safra e a produção, agora o gargalo a ser resolvido é a logística. O anúncio recente de R$ 730 milhões de investimentos para duplicar a atual rede de armazéns públicos operados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é um refresco diante de tantos desafios. Um olhar para o futuro revela excelentes perspectivas para o nosso agronegócio. O mundo precisa da nossa produção agrícola e, por isso, é bom lembrar as perspectivas de cenários levantadas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que projetaram uma década de preços elevados e grande volatilidade para as commodities agrícolas. 

O Brasil deve continuar sendo protagonista agrícola com fortes crescimentos em oleaginosas, cereais e gado de corte. Isso ocorre devido aos custos mais baixos de produção e grandes extensões de terras agricultáveis, sem falar nos avanços das nossas pesquisas na área. Um panorama similar deve ainda beneficiar os EUA, mas reduzir a participação da Europa Ocidental na produção agrícola. Além dos limites de áreas para produção, os agricultores europeus devem sofrer com as preocupações ambientais, regulamentações e custos de mão de obra. Além disso, os biocombustíveis deverão impulsionar a produção de matérias-primas e é uma das expertises brasileiras. 

O que nos resta agora é arregaçar as mangas e continuar nosso trabalho de arrumar a casa e preparar a terra. A colheita futura, com certeza, será farta e poderá saciar a fome de milhares de pessoas no mundo. 

Flávia Maria Sarto é consultora do ramo de Agronegócio do Sescoop-SP

Fonte: CNA-SENAR

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