O campo tem tudo para se firmar, em ano de supersafra, como o principal responsável pelo avanço da economia em meio a inflação e juros altos. Nas projeções do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, a atividade do país deve avançar 2,3%, sendo que 0,7 ponto percentual será creditado na conta das colheitas recordes.
Se toda a cadeia do setor Agrícola for considerada - incluindo o escoamento dos produtos e a compra de Máquinas Agrícolas - o peso esperado na alta do PIB passa de 50%. Confirmada a expectativa, o campo se tornaria o componente mais importante do crescimento econômico brasileiro, algo que não se registra há muito tempo. As dificuldades enfrentadas pela indústria e os pífios resultados do setor de serviços ajudam a potencializar o bom momento do campo.
Após o surpreendente resultado da economia no segundo trimestre - alta de 1,5%, ante previsões que não chegavam a 1% -, divulgado na última sexta-feira, o mercado financeiro reviu as estimativas para 2013. No Boletim Focus, compilado toda semana pelo Banco Central, os analistas elevaram as projeções de alta do PIB, o que não ocorria há 21 semanas. A aposta passou de 2,20% para 2,32%. No início do ano, o percentual esperado era de 3,26%.
Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) permitem uma avaliação mais real da economia, na avaliação do sócio-diretor da Nobel Planejamento, Luiz Gonzaga Belluzzo. Porém, o economista sustenta que o crescimento maior que o previsto não autoriza a análise de que a situação do país vai bem. No primeiro trimestre, o PIB apresentou alta de 0,6%. Para o terceiro trimestre, as expectativas não são a das melhores.
A estimativa de crescimento maior vem acompanhada de mais juros e mais inflação. Os analistas consultados semanalmente pelo BC subiram de 5,80% para 5,83% a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2013. No caso da taxa básica de juros (Selic), a expectativa se mantém em 9,5% este ano, mas para 2014 os analistas já apostam em 9,75%. Entre os cinco que mais acertam as projeções, o percentual para os dois períodos é de 10% ao ano.
Para Júlio Miragaya, do Conselho Federal de Economia, o Boletim Focus mostra que o mercado incorporou uma visão mais otimista em relação ao crescimento do país. "As novas estimativas mostram isso. Mesmo que a criação de empregos continue a desacelerar, ainda acredito em avanço do PIB próximo de 3%", aposta o economista, ponderando que o desempenho da indústria dependerá do câmbio.
O efeito positivo da desvalorização do real sobre os setores exportadores e as consequências da alta de juros, analisa o Banco Santander, tendem a contrabalancear investimento e consumo, resultando em crescimento moderado nos próximos trimestres.
Fonte
CNA-SENAR
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