Um sistema de manejo com potencial para pequenos e médios produtores de eucalipto - talhadia com remanescentes

Ilutração do Sistema de Talhadia

A utilização de um talhão florestal para produzir diversos produtos representa uma vantagem competitiva para proprietários florestais, agregando flexibilidade na comercialização de produtos e reduzindo riscos de perda financeira. Neste contexto, é desejável desenvolver regimes de manejo florestal que promovam a diversificação produtiva. No entanto, a maioria das florestas plantadas em Minas Gerais é manejada de maneira a produzir uma classe limitada de produtos, geralmente de pequenos diâmetros devido às curtas rotações. 

Foi com esta ideia que os pesquisadores Antonio Calros Ferraz Filho, José Roberto Soares Scolforo (Universidade Federal de Lavras) e Blas Mola-Yudego (University of Eastern Finland) desenvolveram o artigo “Sistema silvicultural de talhadia com remanescentes aplicado a plantações de Eucalyptus – uma revisão”. Esta publicação reuniu as informações disponíveis a respeito de um antigo regime de manejo desenvolvido na Europa, o de talhadia com remanescentes, bem como os principais pontos a serem considerados para manejar as espécies de eucalipto em tal sistema.

A talhadia com remanescentes (também conhecida como talhadia composta) é uma variação da talhadia simples, na qual as populações sob regeneração a partir de brotações de cepas são formadas sob o dossel superior composto por árvores já adultas que não foram cortadas na rotação anterior, estas árvores adultas são chamadas de remanescentes. Desta maneira, uma floresta de dois estratos é formada, um estrato inferior composto das brotações que são cortadas regularmente e um estrato superior de árvores de maior porte que são manejadas por períodos mais longos. Assim, este regime reúne tanto os benefícios na geração de lucro à médio prazo, associados às rotações curtas, quanto os benefícios de produção de madeira com maior valor agregado, associados às rotações longas. O estado de Minas Gerais é uma região com potencial para aplicação deste tipo de manejo com geração de multiprodutos, pois o mesmo consome cerca de 80% do carvão de eucalipto produzido no Brasil, e, possui polos industriais de mobília que utilizam madeira de eucalipto, bem como uma área de 1,4 milhões de hectares planados com o gênero.

As espécies de eucalipto são candidatas ideais para o manejo por talhadia com remanescentes, uma vez que muitas de suas espécies possuem ótima capacidade de se regenerar por brotação, produzem madeira adequada para ser usada na produção de produtos de madeira sólida, além de ser amplamente plantada no Brasil.

Porém, alguns cuidados devem ser tomados para garantir o sucesso deste tipo de manejo. Com respeito a talhadia, a avaliação da capacidade de brotação do material genético é essencial, bem como os cuidados na operação de corte (evitar danificar os tocos, manter os tocos limpos de resíduos florestais para não impedir sua brotação, entre outros), atenção na realização de desbrota e aplicação de fertilização de cobertura após cada colheita para manutenção do vigor da floresta. Com respeito as árvores remanescentes, a aplicação de desrama quando as árvores são jovens (cerca de 2 anos de idade) é fundamental para garantir a produção de madeira de alta qualidade. O número de árvores remanescentes a serem deixadas na área pode variar de 25 a 100 indivíduos por hectare, em que menores densidades acarretam em árvores com elevados diâmetros, bem como baixa queda da produção de madeira de talhadia.

Foto: Área manejada pelo sistema de talhadia com remanescente no Sul de Minas Gerais, 2 e 4 anos após o primeiro corte.
 
O artigo com o trabalho completo pode ser acessado por meio dos links:
http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs11676-014-0455-0
http://repositorio.ufla.br/jspui/handle/1/1114
 
Prof. Dr. Antonio Carlos Ferraz Filho – Professor do Departamento de Ciências Florestais/UFLA

Fonte: CIFlorestas

Adriele Lima Graduanda em Engenharia Florestal Bolsista do Polo de Excelência em florestas/ SECTES/FAPEMIG

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