Modelo de integração de sistemas permite ao produtor benefícios econômicos e socioambientais

Um dos grandes desafios do produtor rural é ampliar a produtividade de suas terras, melhorando a vida do homem no campo sem causar impacto ao meio ambiente. Para contribuir com esse propósito, o governo brasileiro sancionou a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). Desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e seus parceiros do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o sistema iLPF possibilita que uma única propriedade rural produza produtos agrícolas, pecuários e florestais de maneira sustentável.

Com a integração de sistemas produtivos, o agricultor pode ter diversos benefícios econômicos, como aumento da rentabilidade, redução de riscos por conta da diversificação da produção, além de favorecer a dinamização da economia regional. “A ideia é integrar a produção de alimentos, grãos, fibras, biocombustíveis, artigos madeireiros e frutas de forma que o produtor rural aproveite ao máximo o potencial da sua propriedade. Além de aumentar a produção, a integração lavoura-pecuária-floresta possibilita a qualificação de profissionais, contribuindo para a geração de empregos e renda no campo”, afirma Luiz Carlos Balbino, presidente do Conselho Gestor da Rede de Fomento à iLPF.

Segundo Balbino, o sistema é pautado em tecnologias sustentáveis, como a rotação de culturas, a fixação biológica de nitrogênio, a recuperação de pastagens degradadas e o sistema de Plantio Direto – que permite a adoção de processos mecanizados, mantendo a cobertura do solo para proteção contra a erosão. Como consequência do uso das boas práticas, é possível minimizar doenças e plantas daninhas, otimizar a utilização de recursos naturais e insumos, melhorar a qualidade da água, reduzir a emissão de gases de efeito estufa e revitalizar áreas florestais. “Com a utilização da integração lavoura-pecuária-floresta baseada na agricultura conservacionista, aliada à adequação ambiental, é possível que os animais e os cultivares expressem melhor o seu potencial genético, contribuindo também para uma maior rentabilidade”, destaca Balbino.

Experiência de sucesso

Há cinco anos, o produtor Abílio Rodrigues Pacheco se viu diante de um embate. Por um lado, não obtinha a rentabilidade esperada com a criação de gado de corte na fazenda Boa Vereda, em Cachoeira Dourada (GO). Por outro, a cultura da cana-de-açúcar não lhe parecia atraente, apesar da alta remuneração do negócio. Depois de pesquisar, o produtor encontrou na integração lavoura-pecuária-floresta uma boa solução. “No primeiro ano, planto soja e eucalipto e, com o grão que eu colho no início, abato os custos operacionais do sistema. Depois de um ano, começo a lavoura de milho, que colho quatro meses depois. Como as árvores já estão grandes nesse momento, entro com a criação de gado e sigo com a pecuária em paralelo à floresta”, explica o agricultor.

Além de aumentar a capacidade produtiva de suas terras, Pacheco avalia que o sistema integrado reduz os riscos do negócio. “Há dois anos tivemos uma chuva que durou muitas semanas e trouxe grandes prejuízos para diversos agricultores goianos. Perdi apenas a soja, porque as águas favoreceram muito o crescimento do eucalipto e do pasto. Foi então que vi os benefícios do sistema integrado”, relata.

Para o agricultor, a adoção de tecnologia é potencializada com a integração lavoura-pecuária-floresta, possibilitando uma maior produção animal e madeireira. “Quando eu adubo o pasto, indiretamente estou adubando os eucaliptos, que tiram os nutrientes que penetram mais fundo no solo. Isso me garante uma produção de 21 arrobas de boi por hectare/ano, enquanto a média nacional é de sete arrobas”, afirma Pacheco.

Como implementar

O proprietário de terras que quiser adotar o sistema integrado pode escolher entre quatro modalidades: lavoura-pecuária; pecuária-floresta; lavoura-floresta; e lavoura-pecuária-floresta, que é a mais completa de todas. Para escolher o melhor modelo para o seu negócio, produtores podem contar com a assessoria de um técnico especializado em iLPF. “Cada produtor, seja ele pequeno ou grande, tem anseios e capacidades gerenciais diferentes. Por isso, o sistema deve ser adequado às suas necessidades, bem como às condições locais e regionais”, afirma Balbino.

Atualmente, o Brasil já possui cerca de dois milhões de hectares com o sistema iLPF e a meta do governo é chegar em seis milhões até 2020. Para isso, o setor público está investindo na capacitação em agricultura sustentável. De julho de 2012 a maio de 2013, foram disponibilizados R$ 2,73 bilhões em crédito rural para produtores e técnicos por meio do Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono), coordenado pelo MAPA, 143% a mais do que no mesmo período do ano passado. “Os produtores estão mais conscientes. Com o crescimento de parcerias público-privadas, teremos uma adoção ao sistema maior do que a esperada”, diz Balbino.

Fonte

Monsanto

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