A árvore australiana que carrega o DNA da indústria de papel e celulose no Brasil teve seu genoma sequenciado, analisado e impresso nas páginas da revista britânica Nature. Mais de 80 pesquisadores, em nove países, contribuíram para soletrar e investigar as 640 milhões de letras químicas que compõem os 11 cromossomos do eucalipto, a árvore mais plantada no mundo, usada para produção de madeira, óleos, fibras e energia.
O genoma da planta é apresentado como uma ferramenta básica de pesquisa, essencial para o entendimento de sua fisiologia e da maneira como ela interage com o ambiente. Com essas informações, a comunidade científica está mais próxima de entender como este organismo funciona e como ele pode ser melhorado, por exemplo, para produzir mais celulose, resistir melhor a doenças ou se adaptar a condições climáticas mais adversas.
Há forte participação brasileira no projeto: a árvore doadora do material genético sequenciado é a chamada BRASUZ1, um Eucalyptus grandis de uma das fazendas da Suzano Papel e Celulose, empresa associada à SIF. As amostras foram colhidas em um indivíduo de 17 anos, em 2007, e enviadas para o Joint Genome Institute (JGI), na Califórnia, onde o sequenciamento foi realizado. Além disso, pesquisadores de seis instituições brasileiras assinam o trabalho: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Universidade Católica de Brasília, Universidade de Brasília, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Universidade Federal de Viçosa, com a participação dos professores Acelino Couto Alfenas e Sergio Herminio Brommonschenkel, do Departamento de Fitopatologia, e Jorge Luiz Colodette, do Departamento de Engenharia Florestal.
Um dos autores principais da pesquisa, Dario Grattapaglia, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, ressalta que o resultado da pesquisa é um genoma “extremamente completo e muito bem montado”.
Um dos benefícios do seqüenciamento é a possibilidade de acelerar o processo de melhoramento, usando o genoma como base para o desenvolvimento de modelos genéticos preditivos, que permitam prever a performance de uma planta ainda no estágio de muda. Essas descobertas podem ser valiosas para a compreensão de como impulsionar o conteúdo de celulose e outros produtos nas árvores, e também como extraí-los mais facilmente.
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