No ano passado, o mercado de orgânicos no Brasil movimentou cerca de R$ 1,5 bilhão. A estimativa para 2014 é crescer 33% e chegar a R$ 2 bilhões


Lú Fernandes: Blessing criou aplicativo para smartphones que indica a loja mais próxima com produtos da marca

No ano passado, o mercado de orgânicos no Brasil movimentou cerca de R$ 1,5 bilhão. A estimativa para 2014 é crescer 33% e chegar a R$ 2 bilhões, segundo Ming C. Liu, coordenador executivo do Projeto Organics Brasil. "No mundo, a expectativa é que o setor tenha faturado US$ 60 bilhões", diz. O Organics Brasil é um programa de promoção internacional de produtores orgânicos sustentáveis, fomentado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), com direção do Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD).

Segundo Liu, o crescimento do volume entregue pelos produtores, ao ano, chega a 20%. "O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) está elaborando um cadastro nacional, que conta atualmente com mais de oito mil fornecedores de orgânicos."

Para o especialista, a tendência no setor é de crescimento. "Há mais empresas e redes de varejo importadoras atuando no mercado, além de uma maior demanda pelo consumo de itens saudáveis." Em 2014, empresários do ramo pretendem investir em recursos de armazenamento, expansão de canais de distribuição e lançamento de mais produtos.

De acordo com Liu, 90% das empresas que recebem a produção orgânica atuam na área de alimentos e bebidas, mas há aumento de iniciativas nos nichos de higiene pessoal, cosméticos, têxteis e artesanato. Para se ter uma ideia, o Projeto Organics Brasil começou em 2005, com 12 companhias, um Estado exportador e vendas de US$ 9 milhões. Hoje, conta com 74 negócios de 14 Estados e um volume de US$ 130 milhões, em exportação.

O coordenador afirma que o mercado também recebeu um empurrão depois da regulamentação do setor, que estabeleceu, a partir de 2011, um selo nacional para os produtos à venda. "A certificação aumenta o interesse das grandes companhias em entrar no segmento." Entre os pequenos empreendedores, Liu diz que a maioria vem da agricultura.

A Blessing Orgânicos, com sede em São Paulo (SP) e plantação em Joanópolis, a 120 quilômetros da capital, faturou cerca de R$ 600 mil em 2013 e pretende crescer 20% neste ano. A empresa entrega produtos orgânicos artesanais como geleias, chás, doces, purê de maçã, extrato e molhos de tomate. "Vendemos também mirtilo congelado e desidratado", diz a diretora Lu Fernandes.

A companhia de 13 funcionários existe desde 1999, mas começou a se desenvolver em 2005, graças à maior procura pelas mercadorias. Vende 23 tipos de produtos para 11 Estados, em redes como Pão de Açúcar e Mundo Verde, além do Empório Santa Luzia, em São Paulo (SP). "Queremos ampliar o número de praças atendidas", diz Lú. Para isso, participa de feiras de negócios para conhecer mais compradores fora do Sudeste.

Desde 2012, a empresa investe em variações de produtos, com a criação de uma linha sem adição de açúcar, que inclui geleias e frutas secas. Também apresentou opções consumidas com mais frequência à mesa, como molhos de tomate com manjericão - a produção já chega a cinco mil potes ao mês.

Para angariar mais compradores, a Blessing criou um aplicativo para smartphones e tablets que indica a loja mais próxima com produtos da marca. Em 2014, o plano é investir em infraestrutura, principalmente em máquinas e recursos de armazenamento, para acompanhar a meta de aumento da produção, que é de 20%.

Em Mogi das Cruzes (SP), a MN Própolis deve investir mais de R$ 1 milhão, em 2014, na expansão de instalações e na abertura de filiais no Brasil e no exterior. "Investimos também na contratação de uma consultoria que redesenhou a nossa estratégia, com novos canais de distribuição, reposicionamento da marca e lançamento de mais produtos", explica o gerente comercial Jeferson T. Umezaki. O valor do investimento é, pelo menos, 20% maior do que o aplicado em 2013.

A MN Própolis está no mercado de apícolas há 21 anos, com um parque industrial de 12 mil metros quadrados. É considerada a primeira empresa do ramo a conseguir o certificado de orgânicos no país. As exportações compõem a sua maior receita, com compradores no Japão, Estados Unidos, China, Canadá, França, Alemanha e Coreia do Sul. No Brasil, as vendas estão concentradas principalmente em São Paulo, mas há planos de expansão para mais Estados. O portfólio inclui mel puro, compostos com própolis, álcool de cereais e chás. Segundo Umezaki, em 2014, deve haver um aumento de produção de 10% a 15%.

Para Ming C. Liu, do Projeto Organics Brasil, o volume de produção de orgânicos ainda é relativamente limitado, o que afasta quem está em busca de retornos financeiros mais rápidos. "Acreditar no negócio, educar o comprador e participar do processo de venda com persistência são as chaves do sucesso", diz. "Infelizmente, o mercado é orientado pela variável preço-custo e, no caso dos orgânicos, essa condição vira um fator limitante nos negócios. Os produtos, por conta da baixa escala, são mais caros ou têm a imagem de serem mais caros, o que aumenta a barreira para os consumidores."

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CNA-SENAR

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