Paraná forma primeira turma indígena de técnicos em agropecuária

Alunos indígenas das comunidades caingangue e guarani de 16 municípios de diversas regiões do Estado do Paraná foram diplomados no dia 25 de fevereiro de 2014, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, como técnicos em Agropecuária. Essa é a primeira turma formada pelo curso que é inédito no sul do Brasil. Os 17 formandos concluíram o curso no Centro Estadual de Educação Profissional Newton Freire Maia, em Pinhais.

A formação teve duração de quatro anos por meio da pedagogia da alternância, na qual o aluno permanece um período na escola e outro em sua comunidade colocando os conteúdos aprendidos na prática. Além das disciplinas técnicas, aliadas às da grade nacional comum, os estudantes também tiveram aulas com disciplinas específicas de organização social indígena, política indígena e indigenista, além de língua caingangue e guarani.

O vice-governador e secretário de estado da Educação, Flávio Arns, destacou a importância da formação técnica para o desenvolvimento das comunidades indígenas no Estado, ao afirmar que a formação técnica abre um leque muito amplo de oportunidade de desenvolvimento pessoal e social. "Esses formandos agora irão contribuir para o desenvolvimento sustentável de suas comunidades e do Paraná", disse.

Flávio Ny-Fej Marcolino já está colocando em prática a nova profissão que aprendeu na escola pública. O técnico trabalha em sua comunidade, em Apucaraninha. Para ele, a formação representa "uma vitória pessoal muito grande".

Antes mesmo de se formar, o técnico Gilmar Kregpo Tavares decidiu criar uma horta comunitária no Colégio Estadual Rio das Cobras, em Nova Laranjeira. O projeto voluntário já tem um ano e os produtos da horta são acrescentados à merenda escolar. De acordo com ele, a ideia é levar o projeto para as nove comunidades caingangues da região. "O conhecimento que aprendi na escola estou usando na minha comunidade, contribuindo para que eles possam se desenvolver sozinhos", contou.

A oferta da capacitação técnica faz parte de um pacote de ações que o Governo do Paraná intensificou desde 2011 para garantir o direito ao acesso à educação de qualidade aos povos indígenas do Estado. São 13 escolas novas, professores das próprias comunidades e merenda de qualidade. Além de encontros para discutir a história e a cultura dos povos indígenas que vivem no Estado. "Ampliamos significativamente o acesso e a qualidade de ensino para estudantes das comunidades indígenas paranaenses. No Paraná, a educação é para todos, e feita com respeito à identidade cultural", destacou Arns.

Participaram da formatura também o secretário de Estado do Trabalho, Emprego e da Economia Solidária, Luiz Cláudio Romanelli, lideranças indígenas, diretores e coordenadores da Secretaria da Educação, representantes das comunidades caingangue e guarani e comunidade escolar.

Novas escolas

Desde 2011, o Governo do Estado já concluiu e entregou 11 escolas novas para as comunidades indígenas do estado. Com isso, o Paraná tem 36 escolas indígenas espalhadas em 26 municípios. Outras duas escolas estão sendo construídas em Inácio Martins, na região Centro-Sul, e na Ilha da Cotinga, no Litoral. A construção das 13 escolas soma um investimento de R$ 19 milhões.

No pacote, está o novo Centro Estadual de Educação Profissional Manoel Ribas, em Manoel Ribas, que irá oferecer até 600 vagas para cursos técnicos gratuitamente para indígenas e outros estudantes da região.

O início das aulas no novo CEEP está previsto para o segundo semestre desse ano. O investimento de R$ 7 milhões é o resultado da parceria entre o Governo do Estado e Ministério da Educação (MEC) por intermédio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação(FNDE).

Professores

Em 2013, a Secretaria da Educação do Paraná (Seed) diplomou 66 professores indígenas bilíngue guarani caingangue, que agora lecionam na educação infantil das escolas indígenas de suas etnias. Agora o Paraná conta com 111 professores indígenas que atuam em suas comunidades. A Secretaria da Educação também produz materiais didáticos junto com professores indígenas nas línguas guarani, caingangue e português para ajudar na alfabetização dos alunos.

Merenda

Uma vez por semana as escolas indígenas de todo Estado recebem tubérculos (batatas), verduras, frutas e geleia da agricultura familiar. Com os produtos, as escolas acrescentam receitas indígenas ao cardápio da merenda que tornam a alimentação dos alunos mais próxima aos costumes alimentares da comunidade guarani.

FONTE

Agência de Notícias do Paraná

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